Ando cansado desta dança entre subordinados e chefias. É uma dança desgastante e que por mais que o tempo passe, parece que nunca lhe ganho o jeito. Gingo sempre para o lado errado, enquando vejo os outros em sincronias perfeitas num ritmo meio latino e desconcertante. Para a dança é preciso ter jeito, mas, como para tudo, é preciso muito trabalho. Não é fácil que a dança deslize como se fosse casual, natural e sem quebras. Existe muito jogo de cintura, muitos sorrisos abertos e muita sabujice pelo meio. É verdade que é uma dança condescendente - entram coxos, marrecos, fanhosos, espertos, burros – todos são poucos para alimentar a sua chama. Eu porém estou lá no meio, como todos vocês, a dançar, a bailar, a girar, e ainda por cima com um sorriso nos lábios. Qualquer dança exige isso, uma satisfação levada a extremos. “Gira cabrão, gira e sorri porque estás empregado!” oiço alguém a dizer-me… alguém que teima em chagar-me a cabeça. O tal alguém que se diz gente. E na verdade, é