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O álcool é estupidez


Doar órgãos é um tema que me interessa. Principalmente quando é um morto a fazê-lo. Eu, se puder doar algum órgão quando morrer, o que mais gostava de doar, é sem dúvida, o Fígado. Sempre tive o fascínio de ajudar bêbados. Descobri ainda novo que esse era o meu caminho, aos 17 anos, a servir bebidas no Bar que o meu irmão tinha com mais dois sócios. O bar tinha o nome de “O Vale” e ter trabalhado 3 anos atrás de um balcão mostra-nos, não só o magnifico mundo do Álcool, como também nos mostra que ali todos se transformam. Não há ninguém que fique igual a si mesmo. Uma besta que se transforma num bebé chorão; uma pessoa tímida que faz discursos em cima de uma cadeira; uma pessoa pacífica que de repente se lembra e é capaz de aviar 5 ou 6 só com uma mão; os camelos que viram ursos; os estúpidos que viram parvos; os parvos que ficam ainda mais parvos e depois temos as pessoas como eu. Que são raras, não vale a pena escamotear, mas que ficam com a capacidade de multiplicar os amigos. Somos amigos do mundo inteiro e só não vamos mais longe se não nos deixarem. E eu ainda acrescento outra qualidade. Encarno uma pessoa que tem a mania que tem graça. E depois não me calo. O que faz com que nunca perceba porque é que acabo sempre a beber sozinho. Bem, mas nesses 3 anos os momentos mais frequentes e que eu mais gostava, era a disputa de quem era o maior bêbado. Se alguém, com juízo, bebesse um sumo era automaticamente alvo de chacota. Mas as competições tinham tanto de renhidas como de estupidas e lembro-me bem de um Senhor, com os seus quarenta e picos anos, ter derrubado, e automaticamente ganho a competição, dois copos altos, cilíndricos, cheios de vodka. Foi das coisas mais magnificamente absurdas que vi alguém fazer. Ganhou sem qualquer tipo de dúvidas e passado meia hora estava a vomitar de gatas no passeio da rua. Ainda lhe tentei entregar a taça da vitória mas parece que ele já não a conseguia receber. Provavelmente pela emoção. Mas ainda hoje transporto essa experiência para o dia-a-dia. Mesmo ontem um Sr.º Agente da Autoridade me mandou encostar o carro. Quando ele a tropeçar, tanto nas beatas como nas próprias palavras, e a babar-se para cima da arma que tinha a tira colo, me pede os documentos não fiz mais do que o ajudar. A primeira coisa que mostrei, como faço sempre a quem precisa de ajuda, é a carta de condução. Como é Angolana, normalmente, é meio caminho andado para irem directamente ao assunto - Que é, não há outra maneira de o dizer, pedir dinheiro. E foi o que aconteceu e não há que existir constrangimento em relação a isso, mas leva-me a crer que o álcool é estupidez. Bom, é o leitinho.

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CURTA METRAGEM - TRAILER

Aqui fica o Trailer da próxima Curta-metragem. A estreia está para breve e somente condicionada por verbas em falta de patrocinadores. Esperemos que honrem os seus compromissos e que possamos finalizar esta Curta Metragem. Espero que gostem. http://seguesoma.blogspot.com/

Não tem outro nome, é: FUTEBOL!

Sei que é um tema que não interessa a muita gente, mas tenho que confessar: Sou um amante do futebol. E ser um amante do futebol não é só ver 22 malucos atrás de uma bola. Há muitas coisas, para além desta adjectivação, que me fascinam neste grande modalidade. Como por exemplo: - As altas pressões que aqueles atletas, com pouca experiência de vida, são sujeitos. Com estádios cheios e almas carentes de descarregar as suas energias negativas; - O estudo exaustivo e obrigatório da equipa adversária e a consequente estratégia de “batalha” que implementam para ganhar a “guerra”; - A capacidade de liderança dos treinadores que são obrigados a se desmultiplicarem, cada vez mais, para serem competentes: Líderes, amigos, conselheiros, gestores de uma imensidão de recursos humanos, estrategas, comunicadores, etc etc - A dança maravilhosa e hipnotizadora de cada equipa, para quem tem o privilégio de ver um jogo no estádio; - A euforia do golo; - A paixão, inquestionável, de um adepto; - As confer

VAMOS ABATER PESSOAS?

Q uase 12 mil cães e gatos foram abatidos durante o ano de 2017. Acho interessante esta medida de forma a controlar estes animais vadios ou, e sendo mais justo para com eles, que foram abandonados. Tenho pena que esta medida não possa transitar para outros patamares. Todos sabemos que existem umas quantas pessoas que mereciam falecer, e esperar que lhes aconteça algum acidente ou que apanhem uma doença fulminante não é de todo motivador para todos nós. Por isso termos a hipótese de por fim à vida a quem nos incomoda parece-me genial. Poderíamos começar pelas, e dando a primazia a quem foi o rastilho e principiou este projecto, criaturas que se fartaram de ter os seus animais de estimação e resolveram esta equação de uma forma muito simples: pô-los fora de casa para que aprendessem como a vida é complicada quando temos alguém com consciência e que tem a bondade de nos ensinar que afinal a vida não é só comer, dormir e passear. Estes seriam, e com todo o mérito, os primeiros da lista.