Eu espero sempre o pior das pessoas. Nunca fico à espera de qualquer espécie de bondade. Talvez porque seja aquilo que eu vejo em mim: pouca bondade disfarçada com alguma disponibilidade. Na minha cabeça tento camuflar tudo isto. Por isso me emociono e me espanto com pessoas genuinamente boas. Duvido sempre delas até ter absoluta certeza. Para mim, querem sempre algo em troca. Nenhum acto é por acaso. Quando as vejo a perder tempo com os outros, acho estranho. O mundo não é assim. Eu não sou assim. Eu trabalho porque recebo ordenado. Perco tempo em fazer comida porque tenho fome e gosto de comer. Tento fazer exercício porque sei que terei a compensação do esforço. Todos os meus actos têm como base uma recompensa. Conheci cedo a bondade. A dos meus Pais. Mas dos Pais é suposto haver bondade. Uma bondade obrigatória. O tal «coração fora do peito» que as pessoas dizem e que me irrita particularmente esta expressão. Mais tarde, já no secundário, conheci a bondade pura. Foi estranho. Muito estranho. Não estava a perceber nada do que aquele rapaz chamado Pedro fazia. Fazia tudo e não pedia nada. Continuava a fazer e as pessoas aproveitavam-se disso. Todos pediam ao Pedro. O Pedro servia para tudo. Ainda o chamei a atenção umas quantas vezes. O mais estranho é que o Pedro nem sequer queria saber se as pessoas se aproveitavam ou não. Ele ajudava a quem lhe pedia ajuda. Uma vez também me aproveitei da bondade do Pedro. Ou melhor, pedi-lhe ajuda para uma coisa simples que eu poderia perfeitamente fazer sozinho. Mas era bom fazer com o Pedro. Tudo se tornava mais simples. Comecei a frase com «Pedro, queres ir comigo…» e ele interrompeu-me com «Vou sim!» Ele nem sabia onde ia, mas já estava a dizer que sim. Ele ia. Era assustador tal disponibilidade para com os outros. Poderia ter aprendido alguma coisa com o Pedro, mas infelizmente não aprendi. Hoje conheci a Mónica. É exactamente igual a todos nós. Nunca mais conheci ninguém como o Pedro.
Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...
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