Avançar para o conteúdo principal

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA


Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar.
A rapidez dos dias de hoje sega-nos.
Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita coisa. Os ricos partem com uma vantagem descomunal é certo. O Pobre, o que poderá fazer é resistir em se endividar do que não precisa, como Carros, Telemóveis, Tablets, Televisões, Empréstimos e o Diabo a quatro. Ter tudo isto e não ter tempo é pior do que não ter nada.
Correr cedo para o trabalho e sair de lá tarde a correr é o preço a pagar por ter uma lixeira em céu aberto. Os filhos? Não os metam ao barulho. Se os outros têm e ele não tem, diria eu que ainda bem. Ter o quê? Não somos “Teres Humanos”, somos “Seres Humanos”. Não estamos cá para TER, mas para SER. Eu não vivo melhor por pagar um Carro durante dez anos a prestações. Se faz barulho e é velhinho mas permite que eu compre um fim-de-semana para estar com a minha família, qual é a dificuldade da escolha? Ah, esperem… os outros. É normalmente aqui que os inteligentes se perdem. Os que os outros irão pensar quando me virem a estacionar o carro que até ferrugem tem. O vizinho até tem um Audi e as suas crias andam com polos da Lacoste. O meu filho não se pode sentir inferior. E aqui a educação desce ao patamar dos ignorantes e torna tudo mais confortável: Somos todos iguais. Voltamos a ser o que temos, voltamos a ser uma merda.

Comentários

Enviar um comentário

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ