Há dias aconteceu-me uma coisa inédita. Para além de o meu cão, outro ser vivo demonstrou que tinha saudades minhas. Ainda por cima um ser humano. Disse-me assim, sem mais nem menos, que tinha saudades de rir com o abdómen! Fiquei contente de ser considerado um palhaço na vida dele. Era isso que eu era porque agora já não posso. Estou longe há tanto tempo que nem me lembro de quem eu era. Não sou o mesmo seguramente. Diriam os mais chegados que estou mais parvo, eu diria que não. Diria que ainda consigo ser mais.
Mas, é bom sentirmos que fazemos falta a alguém. Nem que seja a um cão, e aliás foi por isso que adotei um. Não pela companhia, não por capricho, mas essencialmente por ter, diariamente, alguém que sente a minha falta.
Também faço pouco por isso, confesso. Faço pouco para que sintam a minha falta. Porque para isso é preciso dar, e dar é sempre de borla. O que é chato. Nunca fui muito amigo de dar de mim. Você gostam de dar? Se gostam, tem que dar todos os dias, e cada vez mais. A isso se chama gostar. Não me mintam. Se não gostam é sinónimo que dão pouco. Dizem que se aprende a gostar. Eu ainda estou no inicio. Na fase da aprendizagem. Ainda não dou nada. Mas vou dar!
Mais uma curta metragem que tem tudo para não ser vista. http://seguesoma.blogspot.com/