O gajo já andava a coxear há uns dias. Não liguei, podia-se ter aleijado em qualquer sítio. Podia estar a precisar que reparassem nele, ou então outra coisa qualquer que não tive tempo nem paciência para ponderar. Mas ele continuou, a coxear. Confesso que Já começava a achar estranho, mas entre o bom-dia e a boa-tarde a minha curiosidade não era suficiente para perder uns minutos na berma da estrada a ouvir a sua história. Fui deixando passar. Assim como deixo tanta coisa que não é problema meu. Fui deixando que acabei por deixar tempo de mais. Já nem me lembrava dele de outra maneira. Que importância teria para mim saber da história, ou que importância tinha para ele que eu a soubesse?
Falo-vos do coxo como poderia falar de uma galdéria qualquer. Desta vez calhou a ele, amanhã se calhar sou eu que começo a gaguejar.
Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...