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O MENINO QUE NÃO CHEGOU A SER REI


Vou-vos contar uma história de um menino pequenino. Não é muito longa, não desistam já. Então, o menino pequenino sonhava ser Rei. Rei do Universo. Queria ser justo com todos embora não gostasse de gafanhotos e baratas. Esse passou a ser o seu maior desafio. Como ser justo para quem se tem nojo? Pensou na sua Avó, que era um excelente exemplo de como ultrapassar as nossas maiores barreiras, os nossos maiores medos. A Avó já estava senil e babava-se muito. Cada vez que a visitava ela não o reconhecia mas queria sempre dar-lhe muitos beijinhos. Ao princípio não foi nada fácil para o menino. A Avó encostava a boca à sua bochecha e apertava-o … ele não tinha como se libertar e ficava ali uns 2 ou 3 minutos. Era fastidioso para o pobre coitado. A baba escoria-lhe pelo pescoço e juntamente com este cenário a velhota ainda imitia uns sons esquisitos. Uma espécie de zurro agonizante. Ele imediatamente começava a chorava e a reacção da Avó, normalmente, era de o apertar cada vez mais e zurrar ainda mais alto. Um mesito mais tarde percebeu que estava a ser injusto com a pobre senhora. Afinal era graças a ela que tinha vindo ao mundo, e não tinha a culpa de ser assim. Com a bênção teve a dignidade de descer do patamar de “pessoa normal” e ser como o seu semelhante. Então cada vez que a visitava babava-se também. Era um recital de muco viscoso que demorava o tempo que tinha que demorar. Ninguém forçava o seu fim. Baba de um lado, baba do outro, apertos daqui, urros dali … e esta rotina acabou por emocionar e tocar no coração de muitas pessoas que por ali passavam. Começou, desde cedo, a ser uma inspiração para todos. Foi evoluindo e começou a exigir cada vez mais dele próprio. Vendava os olhos com os cegos, coxeava com os coxos, coçava-se com os leprosos, rastejava com as lesmas… O sonho comanda a vida e o menino mostrou ao mundo que a liderança se faz servindo e auxiliando o próximo e não ao contrário. O menino cresceu e tornou-se um homem. É certo que não conseguiu ser Rei. Neste momento até está no desemprego. Mas tem orgulho, e isso, a seguir ao dinheiro, é das coisas mais importantes da vida.

Comentários

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ