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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Nada para 2017

Estive quase para vos desejar de tudo e mais alguma coisa para 2017. Em vez disso, achei por bem, não vos desejar nada. Isso não significa que vos ame menos que os outros. Também não quer dizer que vos ame mais. No fundo esta mensagem pode não significar nada para vocês. Espero que não, ou melhor, não espero nada.

EU SOU O PAI NATAL

Eu sou o Pai Natal. É verdade, desvendo aqui este mistério. Todos os anos saio de fininho da sala da casa dos meus Pais e vou para o quarto deles, também de fininho, mascarar-me de Pai Natal. O último ano não correu nada bem, confesso. As crianças são peritas em pormenores e, como sabemos, conseguem ver coisas que pensamos que passarão despercebidas. Estava tudo perfeito – a barba, o gorro, o fato e até pus a almofada mais arredondada para formar a mítica barriga do homem que desce pelas chaminés. Olho-me ao espelho uma dúzia de vezes e chamo os meus irmãos para verificarem se está tudo impecável. Eles, já bêbados, vêem menos que um burro com palas e riem-se ao mesmo tempo que me dão palmadinhas nas costas como quem prevê um momento hilariante para a pequenada. Entro na sala, como em todos os anos, encurvado com a voz rouca e com o saco das prendas numa mão e uma bengala na outra. Ponho uns óculos escuros, grandes, que me ocupam grande parte da cara: Estas pestes são pequenos ratos

OS FILHOS DAS VACAS

A vaca dá leite e passados tantos anos parece que descobriram que não é bom para nós. Diria que é normal porque a mulher também dá leite e, como neste caso, o leite é exclusivo para os seus descendentes. Não me parecia lógico andar a explorar o leite da mulher e comercializar pacotes de litro com um rótulo de uma mulher num campo verdejante. Por isso há que respeitar também as vacas e os próprios bezerros que, tal como nós filhos de mães portadoras de leite, têm todo o direito a serem alimentados em exclusivo pelas suas progenitoras. O mercado rapidamente adaptou-se a estas novas exigências e hoje em dia há uma panóplia de leites: Coco, soja, amêndoas e por aí fora. Os benefícios para a saúde destes leites estão a ser explorados por estudos, provavelmente, pagos pelas próprias marcas e produtoras destes leites. O que é importante em qualquer estudo, assim como em qualquer notícia, é contar uma história que pareça credível e que vá ao encontro do benefício próprio. O fazer bem à

SEM LUZ

Existe um candeeiro na minha rua que nunca serviu o propósito para que foi feito. No entanto continua ali como se nada fosse com ele. Nunca deu luz e, por estranho que pareça, os outros candeeiros que o rodeiam nem se interessam por isso. E isso irrita-me: Ver alguém de papo para o ar quando os outros tentam fazer o seu trabalho. Pobres coitados a esfalfarem-se todos e a terem que segurar uma lâmpada a ferver, horas a fio, e aquele completamente indiferente. E a cara de felicidade, daqueles desgraçados, quando o dia começa a nascer? É hora de descansar e curar as queimaduras que a próxima noite ainda vai ser mais longa. O inverno é cada vez mais profundo e as noites mais frias. Atenção que isto acontece há muitos anos, não é de agora. Que testemunhe o mendigo Jacinto que à conta das drogas foi jogado para a rua e para que ninguém se aperceba, ainda mais, da sua miséria dorme todos os dias junto a este patife sem luz. São cúmplices, no fundo, do que é o joguete da vida - Ao míni

TUDO VAI MUDAR

Acho que já partilhei, mesmo que por entrelinhas, que vou passar pela experiência de ser Pai. Escusam de me dar os parabéns pelo menos até à data em que a minha filha conseguir ter casa própria e ajudar os Pais mensalmente. Confesso que tenho passado pelas experiências dos outros serem Pais e, para além de estar decepcionado, estou com um péssimo pressentimento: Vejo maus filhos e péssimos Pais. Na maioria das vezes o problema é uma espécie de Facebook: Queremos todos mostrar que somos felizes e por obra e graça do Nosso Senhor conseguimos ter filhos perfeitos. A perfeição na minha vida nunca existiu, não existe e temo que não irá existir. Mas isto sou eu que, por culpa própria admito, - a outra culpa que não é própria normalmente não é minha - não leio os livros do Gustavo Santos e se calhar não acredito nas coisas com a força necessária. Sempre fui atabalhoado em quase tudo o que faço e onde não o fui, foi pelo simples facto de não o ter feito. Imagino por isso que vou

DEIXAR DE FUMAR

Ando a pensar em deixar de fumar. Até já espalhei a notícia dos meus pré-intentos. Todos ficaram muito entusiasmados com uma simples ideia. A ideia nasceu como qualquer outra e tem a probabilidade de se concretizar como nenhuma. Dizem que é uma questão de convicção e até chegam a dizer que a personalidade das pessoas conta para se conseguir tamanho intento. Falam em força de vontade, mentalização, luta interior… até chegam a dizer que é aí que se vêem os homens. À partida exclui que uma mulher consiga deixar de fumar, a menos que seja homem. E se uma mulher conseguir efectivamente deixar de fumar, e atenção que eu acredito que isso já tenha acontecido (até porque elas são capazes de tudo), mostra que, eventualmente, é preciso ser fumador para se deixar de fumar, independentemente do género. Há coisas piores de se deixar e eu afirmo aqui que já deixei coisas bem mais difíceis. Não vos vou contar pormenores até porque é um assunto muito pessoal e implicaria expor terceiros que, d

Ler não é bom!

Vou dizer aqui uma coisa que poderá causar espanto a muita gente: Qualquer pessoa pode escrever meia dúzia de palavras e colocá-las, efectivamente, na net. Considerar ainda que, hoje em dia, até o José Rodrigo dos Santos tem grande sucesso como “escritor”! Por isso argumentar com afinco uma tese baseada no magnífico argumento: “Li na net!” ou até mesmo “li num livro!” - poderá não ser a melhor forma de mostrar que temos razão. Se bem que a verdade hoje em dia é relativa. Todos sabemos que já vimos grandes verdades serem desmentidas e grandes mentiras tornarem-se verdades. Quantos de nós já não fomos postos em causa por coisas que nem sequer imaginámos fazer. O famoso provérbio “ Para ter a fama que se tenha o proveito” encaixa como uma luva em determinadas situações. Mas é bom esclarecer o leitor que nem em todas as ocasiões isso acontece. No caso prático, por exemplo e hipoteticamente, de sermos acusados de constantemente gostarmos de ajudar pessoas. Aí, diria, que não convém te

Pastéis de Lusíadas!

Já estou a imaginar toda a pequenada a querer aprender a fazer pastéis de bacalhau! Pelo contrário diria que aprender a arte de manusear matracas é tão importante como ler livros de vampiros ou de auto-ajuda: "Vive o momento", "Acredita com muita força e tudo acontece" para mim têm o mesmo significado do que quatro dentes cravados num pescoço ou, lá está, dois paus atados por uma corrente!

Instalações e o divino!

Vir aqui a este espaço, já de si pobre, falar de casas de banho poderá afugentar os poucos que ainda gostam de ler meia dúzia de linhas sem se cansarem. Mas há questões que têm que ser colocadas e eu não posso continuar a ignorá-las como se elas não existissem. Poderá parecer esquisito, mas eu gosto de privacidade quando estou numa casa de banho. No trabalho, por exemplo, existem pessoas que gostam de entabular uma conversa no momento em que estou a urinar e isso faz-me querer que o mundo está perdido ou estamos à beira do precipício - Eu não estou propriamente num café, sentado numa mesa a comer um rissol e a beber um Sumol de laranja. O pior, é que hoje, e foi isto que me fez escrever este texto, quando entrava na casa de banho aflitíssimo devido a uma lasanha vegetariana que comi ontem, encontrei o Alberto Meireles. Cumprimentei-o, por cortesia, com um “Olá, estás bom?” e de seguida entro para um dos dois cubículos que existem com sanita. Enquanto desembainho o cinto o Meire

TOMATADA

Tomatada é dos pratos alentejanos que eu mais gosto. Existe, que eu conheça, duas maneiras de fazer tomatada: 1ª ) Um refogado com cebola e alho, de seguida o tomate maduro, de preferência provenientes de uma horta confiável, e por fim os ovos cuidadosamente colocados para ficarem escalfados. 2ª) Tudo igual exepto os ovos. Aqui eles são misturados com a dita tomatada. Se me perguntassem, eu diria que prefiro a 1ª opcção. Pelo simples motivo de gostar muito pouco de misturadas, neste caso de alimentos, e assim posso disfrutar do belo ovo escalfado à parte e separadamente. Falando de outro tipo de tomatadas, hoje é um triste dia para o meu Cão (Migalhas). Vai ser castrado passados 4 anos de existência e sem sequer ter tido relações com cães do sexo oposto. Sim, houve uma situação infeliz, na casa de um amigo meu, em que o Migalhas se atirou com unhas e dentes ao pobre Darth Vader e não fosse uma “chinelada” na hora exacta evitando que outros, da mesma espécie, que por ali andava

RIR

No outro dia um amigo meu veio ter comigo e disse-me: “Acho que perdi a minha mulher para outro homem!” Achei estranho, em primeiro lugar, ele nem me ter dito “Bom dia!”. Sempre foi muito educado, e em segundo, perguntei-lhe se ele a tinha visto a beijar alguém. Respondeu-me que a tinha visto a rir muito com um colega de trabalho. Confesso que fiquei aliviado por ele. Nunca na vida o humor conquista alguém. No meu caso eu conquistei a minha mulher por pena. A minha vida na altura não estava fácil, andava perdido na vida e acredito que o sentido solidário veio ao de cima e foi o que iniciou um sentimento fraterno por um ser inferior - Como quem adopta um cão abandonado. Na verdade acredito que o sentido de humor pode parecer que no início se leva vantagem, mas através deste eu já tive sérios problemas. Nunca sei quando e onde parar. Conto pelos dedos de uma mão, e porque não tenho menos dedos noutro membro qualquer, as namoradas que eu conquistei. Nunca na vida uma piada fez com

Suspender ou Dispensar?

Suspender ou dispensar? Nunca sei qual destes escolher, principalmente quando o meu despertador toca às sete da manhã! São duas palavras aparentemente simples, mas mal escolhidas pela Windows como opção para adiar o despertador para dali a dez minutos (suspender) ou para cancelar essa repetição (dispensar). Agora que já desabafei sobre este tema que me assola todas as manhãs, queria-vos dizer que gosto de viajar, muito mesmo, mas não tenho paciência para ouvir, quando as pessoas, começam a enumerar onde é que já foram. Em primeiro lugar porque não viajo para competir com ninguém e em segundo porque não me interessa saber onde é que elas já foram. Parece rude dizer isto assim, mas sejamos sinceros: A internet serve, para além de muitas coisas, para vermos através de vídeos ou fotografias praticamente todos os cantos do mundo. E podemos escolher o que queremos ver e o tempo que dispensamos (bela palavra) para o fazer. Museus, catedrais, igrejas, monumentos e afins, para mim, poder

"Voltarei quando necessário!"

Ele era o maior. Nunca lembro de ser menos que isto. O impossível estava sempre dentro dos seus parâmetros. Lembro-me, como se fosse hoje, que os seus discursos não davam espaço a outras vozes. As opiniões dos outros eram uma espécie de um sopro fraco numa vela a precisar de vendavais. De peito feito a tudo o que mexia a sua convicção era impenetrável. Até um dia - E não digo isto como se lhe desejasse um mau presságio - O homem era mesmo admirável. Num dos dias das suas inúmeras palestras, onde havia sempre choro, alaridos e mulheres que desmaiavam, uma rapariga, com os seus 23 anos, pediu a palavra com a mão no ar. Não foi mais do que isto e, por incrível que pareça, aquele gesto simples com o braço levantado, chamou a atenção de quase metade da plateia, incluindo, claro está, do orador. Subiu ao púlpito com uma calma e tranquilidade intransponível. Era de pele morena e cabelo comprido e encaracolado. Usava um vestido simples e na mão tinha, ao que parecia à distância a que eu

Ricos e Pobres

Acho que já todos reparamos que o pobre começou a adoptar o nome de rico para os seus filhos. Agora na Brandoa começou a surgir os Santiagos, na Damaia os Martins, na Amadora os Lourenços e sabe Deus onde isto vai parar. Os ricos estão em desespero porque quando chamam o seu Martim, olham mais dois ou três com o ranho no nariz e com as mãos cheias de lama. A confusão está lançada porque os ricos não sabem que nomes darão, nas próximas gerações, aos seus filhos. Adoptar os nomes que os pobres usavam poderá ser um risco elevado, na medida que as modas passam e os nomes, ao que parece, vão ficando. Imaginem um Joaquim (Quim), um José (Zé) ou até um Manuel (Manél) a ser entoado pelas ruas da Lapa. Só de pensar até arrepia. Em Cascais já existem reuniões secretas de intelectuais de esquerda sugerindo algo diferente. O desespero é de tal ordem que o “Pantufa” e o “Pirussas” estão a ser equacionados. Porém descer tão baixo com a esperança que o pobre não corra atrás poderá ser a aniqui

Amanhã vai ser um dia mau!

Ter medo hoje em dia é um mal comum e diria que é complicado. Concatenar a nossa vida com o pânico do noticiário, diria que, é uma espécie de travessia numa ponte, velha, de madeira apodrecida entre duas margens de um rio enfurecido. Chegamos ao ponto de ter medo de ter medo. Uma tragédia que aconteça no outro lado do planeta e, em segundos, temos filmagens do que aconteceu. E depois, o mais impressionante, é que somos, instintivamente, atraídos por isto: Queremos saber mais do que aconteceu. Como o fenómeno dos acidentes de viação em que todos paramos para esmiuçar ao máximo aquele flagelo e se não houver mortos parece que todo o acidente perde o seu brilho. Pensar positivo, por causa disto, parece-me uma luta inglória. Penso para mim “Hoje vou ser uma pessoa positiva” e logo a seguir abrimos uma página da internet e alguém foi violado; um cão foi abandonado; um homem bêbado atropelou uma senhora e dois filhos; Eu próprio continuo a escrever neste blogue… e pior: há quem continue a

E eu estou sozinho!

Um está com o outro e eu estou sozinho. Aqueles juntam-se aos demais e é uma paródia de bebidas, uma panóplia de acepipes e eu continuo sozinho. Vasculho mais um bocado e vejo que todos, mesmo que não estejam com os outros, estão entre eles e ainda mais alguns. O sol é brilhante, os sorrisos são rasgados, as praias, as mesas estão sempre recheadas e eu estou com um livro. Reparem que já não estou sozinho. Pus um livro na mão, não importa qual, só para não estar sozinho. Continuo com o disfarce e de soslaio vejo encontros, “pores dos sois”, esplanadas, pernas ao sol, vagantes estrelas e até ostras com vinho branco… Mas eu já não estou sozinho! Tudo acontece mesmo que não aconteça nada e lá vem mais uma fornada: Pernas bronzeadas, bebidas esticadas, braçadas de Crawl, abraços cheios de nada… Viro para a página 421 e estão todos novamente reunidos e percebo que tudo o que amei, amei sozinho!

JAVARDICE SOCIAL

Antes de irem de férias já o anúncio tinha sido feito. Dali a 3 dias estariam a caminho de Londres. Todos sabiam disto, não haveria motivo para tanto espanto. Quando faltavam 2 dias o lembrete foi acionado de novo: “Faltam dois dias para ir de férias!” Acho que neste segundo aviso tiveram 34 gostos. No dia a seguir, finalmente, o casal com 4 filhos ia de férias. O dia foi passando e, confesso, que eu fiquei na dúvida se alguma coisa tinha corrido mal. De 5 em 5 minutos eu ia atualizando a página do Facebook para ver se havia novidades. Até partilhei com a Natalie a minha preocupação em relação a esta família. Admito que na vida real eu mal os conheço, embora os País do Manuel sejam meus vizinhos, mas sei mais da vida deles do que eu próprio queria, o que parece impossível para um curioso por natureza como eu sou. Juro. Eu ficava horas à janela para tentar perceber o que é que a filha mais nova da Deolinda andava a fazer com 2 rapazes atrás do barracão. Mas finalmente veio a noticia

Cristiana a Padeira!

Eu acho que se anda a condenar muito pouco as atitudes dos outros. Deveríamos no nosso dia-a-dia estar mais atentos a isto. Por exemplo: Eu não gosto da atitude da padeira que me vende o pão. O pão é excelente, não há que criticar, mas a maneira arrogante como ela mete as baguetes no saco, na minha opinião, não é admissível. Parece que tem o Rei na barriga.

Oh Velha!

Todos têm um amigo que se indigna de uma forma descontrolada nas redes sociais. Eu também o tenho porque não quero ser diferente. Tenho-o e com alguma perplexidade, confesso. O Bicho é ruim. No nosso meio é uma pessoa completamente calma e até indiferente ao que o rodeia, mas em frente a um teclado o homem transforma-se. E acho bem, se é para criticar e falar mal, nada melhor do que não ter o lesado frente-a-frente. Temos outra disponibilidade. Sacamos coisas das nossas entranhas que nunca na vida o poderíamos fazer se a outra pessoa tivesse na nossa frente. Acho que acreditar no amor também é isto: Ou seja, se o nosso amor-próprio estiver em baixo, nada melhor do que enxovalhar o próximo. Já os grandes ensinamentos nos dizem isto : “Quem já pecou muitas vezes que atire as pedras que quiser!” Reparem que o “falar mal” é mais do que necessário, é vital. Eu próprio faço isso e com alguma regularidade. Principalmente quando me lembro da minha querida Avó. Morreu antes de tempo e

Piada de Chefe

Todos sabes que uma piada dita pelo chefe tem outro sentido de humor. Tem que ter. Somos obrigados a dar uma oportunidade única naqueles momentos. A piada, o timing, a história em si podem ser péssimas. Tudo pode ser patético mas a atenção de todos está presa por obrigação. E no fim, no silêncio que sempre espera qualquer reação, é que se veem os homens. Normalmente o mais fácil será deixar o maior lambe botas se estampar. Ele será o primeiro a soltar uma gargalhada. Depois disso será fácil para qualquer um esboçar um sorriso. Pode ser um sorriso pela situação em si, pode ser por companheirismo ou no fundo ser um sorriso tão falso como a primeira gargalhada estridente. Nunca convém ficar sério como se não tivéssemos achado piada. Arrisco-me a dizer que nos tempos que correm tudo tem que ter graça vindo de um superior: Ele poderá ser um Jimmy Fallon em potência,  um Ricardo Araújo Pereira do escritório ou até um Ricky Gervais em ebulição. No fundo e sem quaisquer rodeios ele é o Maio

Psicologia

Cada um caiu do colo da cegonha para compreender a sua versão do que é a vida. Cada um com o direito de ter variadíssimas pretensões ou até, legitimamente, não ter pretensão alguma. Já sabemos que desde cedo começamos a perceber que nos desiludimos facilmente porque, creio eu, criamos imensas expectativas. Queremos meio mundo e passados dois minutos, já nos apetece a outra metade. Por isso, acho que quando insistimos na tragédia, na depressão existencial, achamos que nada está bem na nossa vida e à nossa volta ninguém nos compreende, deveremos serrar uma das nossas pernas. Provavelmente iremos esquecer todas as angústias que tínhamos e vamo-nos concentrar única e exclusivamente na perna que perdemos. Se não resultar, o que eu duvido, serramos um dos braços. Convém ser o braço do lado oposto à perna, só por uma questão de equilíbrio: Nunca serrar a outra perna porque ao pé-coxinho ainda se pode subir muitas escadas. É certo que poderá ser doloroso no início, mas a partir daqui terem

Alguém tem que estar no comando!

Estava tudo feito em retalhos. Mais uma vez as bifurcações eram mais que muitas e o clima poder-se-ia tornar pesado. O Ismael tinha uma única opção: Esperar! Que isto está mau, já todos sabemos. Como se aceitam as situações é que já é outra conversa. O murmúrio inicial gritava cada vez mais alto, poderei dizer que quase ouvia a algazarra que ia dentro do rapaz. Palavras sábias não eram necessárias, assim como seriam inconsequentes. Os medos nasciam como cogumelos num clima propício. Tudo estava posto em causa. Chegaríamos ao “momento chave” muito em breve. Todos perguntavam como é que iam as coisas. A resposta era sempre a mesma. Tudo só pode ir bem para quem não quer que isso aconteça. Já sabemos pelo Correio da Manhã que o povo está sedento da desgraça. Os pobres coitados precisam de calamidade para se sentirem vivos. O Ismael precisa de paz. A espera torna-se cada vez mais longa. Parece que nada depende do tempo visto que este se estende como uma nuvem. Tapa tudo. A espera parece n

Gentileza by Eva dos Anões

O meu amigo João foi Pai pela primeira vez há dois meses. Fui ontem conhecer o Mário. Como é obvio estava babadíssimo e a pergunta ia surgir mais tarde ou mais cedo. Mas fomos os dois adiando o inevitável. A contemplação do Mário ainda durou mais do que eu poderia imaginar que fosse possível. Eu percebo em parte o fascínio, mas estamos a olhar para um bébé que não faz mais do que beber leite, vulsar, mijar, cagar, chorar e depois dormir. Não poderia fazer esta desfeita ao João e continuava com o meu melhor sorriso nos lábios. Ainda cheguei a pegar nele com todo o cuidado possível.   - é lindo não é ? – Perguntou-me o João como se eu tivesse com um botim de sola vermelha da Prada.   - é lindo João, é perfeitinho! Sempre me safei com esta resposta. Todos ficam maravilhados com o “perfeitinho” e eu ainda mais maravilhada fico por se ficarem por aí. Sou sincera e não me levem a mal por dizer isto. Prefiro pessoas já formadas e de preferência inteligentes. Gosto de conversas profund

Pardalar!

Eram dois pardalinhos, vi-os eu, a voar todos contentes. Um atrás do outro e iam-se revezando. Depois era o outro que ia na frente. A fachada do edifício que agora conheço como meu local de trabalho, é em vidro. Mas é um vidro espelhado que reflecte três ou quatro árvores que por esta altura têm o seu ramalhete por metade. Para além das árvores reflecte tudo o resto que está à volta, não descrimina nada e reflecte a realidade, mas com um brilho diferente. Seria essa a dica para que estes pardais percebessem que a realidade anda sempre disseminada. No rescaldo de uma curva procedida de um looping de alto gabarito, só ao alcance de quem nasceu para voar, ouve-se um “pack” quase silencioso e sem eco. Tudo acabou ali. Parece impossível que a fronteira seja tão estreita entre a vida e a morte. Está como uma sombra mesmo que o momento nos pareça perfeito. Poderíamos ficar com a tristeza por aqui mas o ninho de sete ou oito, não tenho bem a certeza, bocas esfomeadas dramatizou ainda mais