Vir aqui a este espaço, já de si pobre, falar de casas de banho poderá afugentar os poucos que ainda gostam de ler meia dúzia de linhas sem se cansarem. Mas há questões que têm que ser colocadas e eu não posso continuar a ignorá-las como se elas não existissem.
Poderá parecer esquisito, mas eu gosto de privacidade quando estou numa casa de banho. No trabalho, por exemplo, existem pessoas que gostam de entabular uma conversa no momento em que estou a urinar e isso faz-me querer que o mundo está perdido ou estamos à beira do precipício - Eu não estou propriamente num café, sentado numa mesa a comer um rissol e a beber um Sumol de laranja.
O pior, é que hoje, e foi isto que me fez escrever este texto, quando entrava na casa de banho aflitíssimo devido a uma lasanha vegetariana que comi ontem, encontrei o Alberto Meireles. Cumprimentei-o, por cortesia, com um “Olá, estás bom?” e de seguida entro para um dos dois cubículos que existem com sanita. Enquanto desembainho o cinto o Meireles lembrou-se que seria um momento oportuno para desabafar. Eu pensava que já tinha visto de tudo, mas nunca me ocorreu que uma mulher, neste caso a dele, poderia causar tanta mágoa ao ponto de ele ter que jorrar as suas mágoas numa Instalação Sanitária, onde, ainda por cima, o suposto ombro amigo estava atrás de uma porta sentado numa sanita. A mulher dele, ao que parece, diz que ele deixa tudo desarrumado e que não faz nada bem e quando faz, corrige-o constantemente - Ou seja, até aqui tudo normal - Mas para além disso, enquanto eu fazia força, parece que aconteceu mais qualquer coisa. Não cheguei a saber, pelo menos por enquanto, porque entrou um colega na casa de banho e isso fez com que, vai se lá saber porquê, o Meireles achasse que a conversa tinha que ser adiada. Não acredito em Deus, pelo menos o que vem no antigo testamento, mas de facto existe qualquer coisa… por vezes demora mais um pouco, mas sempre aparece!