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"Voltarei quando necessário!"



Ele era o maior. Nunca lembro de ser menos que isto. O impossível estava sempre dentro dos seus parâmetros. Lembro-me, como se fosse hoje, que os seus discursos não davam espaço a outras vozes. As opiniões dos outros eram uma espécie de um sopro fraco numa vela a precisar de vendavais. De peito feito a tudo o que mexia a sua convicção era impenetrável. Até um dia - E não digo isto como se lhe desejasse um mau presságio - O homem era mesmo admirável. Num dos dias das suas inúmeras palestras, onde havia sempre choro, alaridos e mulheres que desmaiavam, uma rapariga, com os seus 23 anos, pediu a palavra com a mão no ar. Não foi mais do que isto e, por incrível que pareça, aquele gesto simples com o braço levantado, chamou a atenção de quase metade da plateia, incluindo, claro está, do orador. Subiu ao púlpito com uma calma e tranquilidade intransponível. Era de pele morena e cabelo comprido e encaracolado. Usava um vestido simples e na mão tinha, ao que parecia à distância a que eu estava, uma espécie de instrumento de sopro. Bateu, com a palma da mão esquerda, duas vezes no microfone e o silêncio passou a ser absoluto. Levou à boca o instrumento. Manteve-se imóvel e sem fazer qualquer barulho durante tanto tempo quanto o que era necessário para o silêncio se manter. De seguida o seu sopro fez ecoar um som estridente, agudo e quase insuportável. Num movimento repentino parou com as mãos esticadas junto ao corpo e sorriu. Bateu, novamente, duas vezes no microfone e disse as seguintes palavras, que até hoje nunca mais foram esquecidas: Voltarei quando for necessário! E nunca mais aquele palanque teve oradores que não lhes tremesse as pernas quando subiam os três degraus para discursar!

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ