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SEM LUZ


Existe um candeeiro na minha rua que nunca serviu o propósito para que foi feito. No entanto continua ali como se nada fosse com ele. Nunca deu luz e, por estranho que pareça, os outros candeeiros que o rodeiam nem se interessam por isso. E isso irrita-me: Ver alguém de papo para o ar quando os outros tentam fazer o seu trabalho.
Pobres coitados a esfalfarem-se todos e a terem que segurar uma lâmpada a ferver, horas a fio, e aquele completamente indiferente. E a cara de felicidade, daqueles desgraçados, quando o dia começa a nascer?
É hora de descansar e curar as queimaduras que a próxima noite ainda vai ser mais longa. O inverno é cada vez mais profundo e as noites mais frias. Atenção que isto acontece há muitos anos, não é de agora. Que testemunhe o mendigo Jacinto que à conta das drogas foi jogado para a rua e para que ninguém se aperceba, ainda mais, da sua miséria dorme todos os dias junto a este patife sem luz. São cúmplices, no fundo, do que é o joguete da vida - Ao mínimo erro podes definhar ou podes repetir o mesmo erro toda a vida que ninguém se vai importar.
O Jacinto é dos persistentes e já tem o cérebro todo toldado. Dos únicos assuntos que lhe arrancas uma palavra é sobre o Benfica ou sobre defecação ao ar livre. Que no fundo, cá para nós, é a mesma coisa. Do resto nada é importante. Desde que esteja toldado é o que interessa. Por isso não lhe posso exigir que não durma com o inimigo. Mas a todos os outros apelo que estejam atentos. Não permitam isto na vida, pelo menos nas outras: Não fazer nada enquanto os outros trabalham!

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

FAZIA TUDO

Eu espero sempre o pior das pessoas. Nunca fico à espera de qualquer espécie de bondade. Talvez porque seja aquilo que eu vejo em mim: pouca bondade disfarçada com alguma disponibilidade. Na minha cabeça tento camuflar tudo isto. Por isso me emociono e me espanto com pessoas genuinamente boas. Duvido sempre delas até ter absoluta certeza. Para mim, querem sempre algo em troca. Nenhum acto é por acaso. Quando as vejo a perder tempo com os outros, acho estranho. O mundo não é assim. Eu não sou assim. Eu trabalho porque recebo ordenado. Perco tempo em fazer comida porque tenho fome e gosto de comer. Tento fazer exercício porque sei que terei a compensação do esforço. Todos os meus actos têm como base uma recompensa. Conheci cedo a bondade. A dos meus Pais. Mas dos Pais é suposto haver bondade. Uma bondade obrigatória. O tal «coração fora do peito» que as pessoas dizem e que me irrita particularmente esta expressão. Mais tarde, já no secundário, conheci a bondade pura. Foi estranho. Muito ...

Obrigado pelo vosso miminho !

Tinha que partilhar este vídeo - Não para vos mostrar as minhas qualidades fotogénicas, mas porque adorei a surpresa. Obrigado minhas lindas!