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Intrusos

Ontem, finalmente deitei-me cedo com a sensação que era desta que ia repor as horas de sono que o fim de semana me tinha roubado.
Tudo parecia perfeito.
Adormeço sempre com música. Desde pequeno. Foi a necessidade de sobrepor uns acordes ao roncar dos meus irmãos.
Preparei a roupa para o dia seguinte. Lavei os dentes. No borbulhar do bochecho uma voz dizia “Só te falta seres mulher”. B fachada teimava em me surpreender.



Tudo estava demasiado perfeito para correr bem.
Deito-me com o cansaço de quem acorda todos os dias primeiro que o sol.
Os ouvidos eram os únicos despertos, percorriam a harmonia de um som ainda desconhecido. Demasiado desconhecido para se deixarem dormir. Era como se fosse um perfume sublime de acordes simples, enfeitiçados e enfeitados por código de barras de um piano qualquer.
“Hoje não te posso dar atenção”
B fachada foi trocado por quem está habituado a me embalar.
Feist sabe tudo o que preciso.



Agora sim.
Era desta, só podia ser.
Uma nota em falso. Não podia ser Feist.
Como que um experiente Maestro, detecto o intruso desafinado.
A solução está à distância de um braço.
Demasiadas vezes dirijo esta orquestra para não conhecer a solução.
Como que uma rede de trapézio de uma malha mais curta te deixa fora de cena.
É desta.

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