Avançar para o conteúdo principal

Da barriga vazia ao papo cheio

Ontem, pela primeira vez cozinhei arroz de tamboril.
Não se pode dizer que tenha corrido mal.
O peixe estava cru e o arroz completamente seco, mas podia também estar salgado, o que não aconteceu!
No sal eu acertei.
Não tinha era quase sabor nenhum !
A opção foi por picante, o que tornou o arroz de tamboril numa espécie de “coisa”.
Não consigo definir melhor!
Acabámos todos por comer umas belas sandes de chourição, acompanhado por um pacote de batatas fritas… bem bom!
O nosso Guarda é que acabou por encher a barriga. Não pensem que fomos mauzinhos, mas para estes homens que passam o dia, sem comer absolutamente nada, foi como água no deserto.
Para perceberem um pouco a realidade da pobreza que muitas das pessoas deste País passam, o nosso novo guarda Francisco, veio de uma província de Angola chamada Luachimo.
Tem mulher e 3 filhos que não vieram com ele. Fiquei impressionado quando o Francisco, com um sorriso de orelha a orelha, me diz que se Deus quiser, vai fazer uma visita à família no final de 2011!
Ou seja, vai passar quase 2 anos sem os ver.
Realmente eu sou um sortudo nesta vida. Vou-me queixar do quê?
Vivem em condições miseráveis na cidade de Luanda, onde procuram a esperança de uma vida melhor.
Fazem sacrifícios, que para a maioria de nós era inimaginável passar por semelhante situação. O mais extraordinário, é que ainda existe pessoas que são capazes de serem completamente insensíveis e até irónicas com situações destas.
Faz-me acreditar que os abismos não foram feitos ao acaso.
Voltando ao arroz de Tamboril:
As maravilhosas ervilhas, com ovos escalfados que fiz na noite anterior, foram completamente passados para segundo plano. Disso ninguém falou!
Como tudo na vida, o que se faz de mal é 1000 vezes mais comentado do que se faz de bom.
Uma realidade engraçada e diria bonita também.
Estou a pensar seriamente comprar uma Bimbi, não sei se é assim que se escreve, mas falam maravilhas desta menina!
Uma Bimbi e alguém que trabalhe com esta marota, porque eu onde ponho as mãos, acabo sempre por estragar qualquer coisa!
É um dom que eu tenho desde pequenino.

Mudando de assunto, e diria para melhor, o meu Sporting joga hoje, e mais uma vez o meu colega, sócio desde 1979, recebeu mais este email do próprio Clube!

Antes de vermos o jogo, vou fazer um Frango, que apelidámos, de “Frango à Paneleiro”.
Não que o Frango seja maricas, muito menos quem o faz, porque toda a gente sabe que sou muito Macho, mas porque a receita deste frango estava junto com outra que era de Rabanadas. Alguém como uma imaginação muito fértil, fez uma associação de ideias, só alcançável a grandes cérebros, e saiu este bonito nome!
Vou fazer um pouco a mais, para dar ao nosso amigo Francisco.

Amanhã cá estaremos, eu aposto em 2-1 !

Comentários

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!