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Escrito nas profundezas


Sou uma pessoa envergonhada à minha maneira. Imagino que vocês o sejam à vossa. Pelo menos assim oriento e movo o meu mundo.
Isto para dizer que ninguém deveria sentir vergonha por se considerar uma pessoa envergonhada.
Também sou carrancudo, tem dias que não me aturo a mim próprio. Um mau feitio do pior, qualquer coisa que me digam, que seja menos simpática, e o meu sistema tropeça e começa a falhar.
Tenho dias animados, outros festivos, alguns tristes, poucos com frio porque estou em Angola mas por vezes consigo a plenitude porque sinto o que tenho que sentir.
Já me questionei sobre o que sentia em determinados momentos. O mais flagrante por não perceber a triste e profunda depressão que me agarrou pelo calcanhar. Aquele do Aquiles. Não tenham pena porque conheci a tristeza como poucas pessoas se podem gabar de a ter conhecido. Não foi uma tristeza qualquer: Não foi uma desilusão ou uma tragédia mas uma tristeza específica por ser tão generalizada e sem motivo aparente. Aparente ou nem tanto assim, porque tudo passou sem certezas. Também deixei de as exigir por saber que estas seriam buscas solitárias e com sentido camuflado.

Qualquer comprimido, mesmo que fosse só farinha, dado pelo meu psiquiatra e eu já me sentia melhor. É verdade já frequentei um Psiquiatra. Deve ter sido dos momentos de maior lucidez que até hoje a minha vida conheceu. Ter a noção que estava num Psiquiatra e conseguir de alguma maneira ouvir os meus próprios problemas foi qualquer coisa de muito especial.
Ele disse que eu não era normal e eu disse-lhe o mesmo. Não gostei dele e ele não gostou de mim.
Por portas e travessas muito ficou por dizer porque assim o quisemos.
Porque o Psiquiatra não era eu.
Finjo as vezes que sou obrigado a fingir. Foi com essa certeza que saí por porta fora.
A menos que esteja na brincadeira:
- Olha lá, sabes que eu faço de tudo para te ver bem e feliz?
- A sério?
- Não, estava a brincar.


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TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ