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Dois dedos


No outro dia estava a falar com a minha mãe ao telefone e agradecia-lhe, mais uma vez, o facto de ela me ter dado vida, quando a voz do meu Pai se ouve ao longe:
- Viste onde é que eu pus os meus óculos?
A minha mãe pousa o auscultador do telefone, vai procurar os óculos e deixa-me a falar sózinho.
Como vêem sou uma pessoa muito querida entre os meus, por isso já podem imaginar o carinho e respeito que os meus amigos têm por mim.
Para seguir a coerência da conversa, nem de propósito, ontem o meu colega e amigo Vitinha, mais uma vez, me avisava:
- Olha lá, tu já reparaste que não fazes um esforço por ninguém. Quando queres uma coisa, toda a gente tem que estar pronta para te ajudar, quando é ao contrário, estás-te borrifando e é sempre só quando te apetece!
São estes pormenores da minha personalidade, que reforçam e estreitam cada vez mais qualquer relação de amizade que eu possa ter.
Perguntem lá a este rapaz se ele não dava a vida por mim.
Claro que não dava, só se fosse parvo.
Depois, não me venham com a história do costume “tenho poucos mas bons” que isso são tretas.
A malta se quer realmente ter muitos amigos tem que seguir uma linha de coerência. Essa linha, por incrível que pareça, somos nós próprios.
Por isso é que eu sou um felizardo por ter uma mão cheia de verdadeiras amizades, pelo menos era o que o meu amigo “Tiago de dois dedos” me dizia.

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