Depois teremos a parte em que os outros fazem exactamente o que lhes apetece quando privam com o teu filho. Aqui era preciso Cristo descer novamente à terra para que tudo fosse pacífico.
Com três meses e dez dias desde que fui Pai chegou finalmente a hora de vos dar algumas dicas de como devem educar os vossos filhos. Existem vários aspectos e pontos cruciais que vos vejo falhar redondamente e com esta experiência acumulada não posso deixar de vos ajudar, mesmo que não tenham pedido a minha opinião. O mais importante de tudo é que desde o início não devem dar importância nenhuma, ignorem mesmo, a opinião dos outros. Poderá parecer um contra-senso eu dizer que vos vou dar dicas e, passado duas linhas, alertar que não deverão seguir qualquer instrução dos outros.
Mas seguiremos com o nosso raciocínio e por favor sorriam quando aqueles que já são Pais, principalmente estes, se acharem no direito de vos encaminhar para determinado comportamento. Eles são implacáveis e tenderão em dizer que o que fazemos não está a ser bem feito e a frase que mais ouvirão será :“olha que depois ele habitua-se!”
Se, mais tarde, os nossos filhos se transformarem em pessoas imbecis e delinquentes é importante que isso seja porque fomos nós, juntamente com as nossas crianças – porque elas também têm culpa no cartório – não fizemos um bom trabalho. Não poderemos mais tarde ir bater à porta de um amigo ou familiar e dizer : “Olha lá, disseste que eu deveria deixá-lo chorar, para que ele aprendesse que não poder ter tudo o que quer, e repara bem na bela porcaria de gente que ele se tornou!”
Por isso eu diria que, como em tudo o que queremos, temos que assumir as rédeas. Se toda a gente diz que deves ir para a direita e se tiveres a certeza que o melhor caminho é para a esquerda, embora seja mais penoso, por favor vira já. Se te sentes bem que o teu filho durma na tua cama, pois que durma. Se ele se tranquiliza na mama e se achas que o deves fazer, então vamos embora a dar mama. Se achas que o teu filho fica menos chato porque lhe dás uma bolacha ou uma fatia de bolo, pois deixa-o falar à vontade mas não lhe dês o que sabes que lhe vai fazer mal.
Depois teremos a parte em que os outros fazem exactamente o que lhes apetece quando privam com o teu filho. Aqui era preciso Cristo descer novamente à terra para que tudo fosse pacífico. Por mim acho que bastaria dizer-lhes: “o filho é meu e por favor respeita o que eu quero!”
Mas não chega e ignorarem o que dizemos deixa-nos com pele de galinha. Qual é a parte que não perceberam? Se calhar as vossas mães não vos trataram das cólicas como deveria de ser. Imagino que só possa ter sido isso. Todos sabemos que as cólicas são tramadas e então aqui eu diria que existem, no mínimo, trezentas e cinquenta e sete maneiras de aliviar os nossos bebés. E tudo o que tenha a ver com intestinos, todos sabemos, mete muita porcaria. A minha dica aqui, e é um facto indesmentível, é que vai passar. Tudo o resto vale um saco de farinha roto. Em desespero tenta-se tudo, e do tudo que tentámos ainda haverá alguém a perguntar se fizemos massagens na barriga.
Bom, mas o que me levou a iniciar esta sebenta é que ontem começou a nascer o primeiro dente à minha filha. É um momento super emocionante para quem tem o primeiro filho e claro que hoje, quando cheguei ao trabalho, dei esta tremenda novidade com toda a emoção que o momento proporciona. A malta ficou toda maluca com a novidade e era vê-los aos pulos. Houve dois deles que foi preciso ir agarrá-los para pararem de saltar com tanta alegria. Quem é que não gosta de ouvir a evolução dos filhos dos outros?
Infelizmente daqui para a frente não vos posso ajudar mais, mas penso que para aqueles que irão fazer a primeira viagem este texto poderá tornar-se numa espécie de bíblia para recém-nascidos - já imagino as enfermeiras nas aulas de pré-parto a distribuírem duas folhinhas no início de cada curso. É importante referir que até ao primeiro dente aprendi também bastante com todas as pessoas que fizeram questão de partilhar a tremenda alegria que é ter um filho. Não posso ser injusto ao ponto de dizer que o ideal é parirmos os nossos filhos em grutas no meio de uma floresta onde dificilmente se encontra alguém. As pessoas fazem falta nas nossas vidas. Todas são importantes e de uma tremenda ajuda. Quando estão caladas dirão alguns. Quando estão longe dirão outros. Eu prefiro não ter que escolher uma das duas.