Era uma miúda ainda nova. Pelo corpo não lhe daria mais que trinta e tal anos! Era boa, de corpo, já que a personalidade pouco importava para o efeito. Qual efeito? Qualquer um, hoje em dia tudo são efeitos! Mas era a miúda que passeava, de tanga, com um cartaz, com o numero dois escarrapachado, a informar o segundo round numa modesta luta de Boxe.
Plim Plim.
Começa o segundo round e um dos lutadores já não se aguenta nas pernas. Por acaso é preto. Já agora eu sou branco. O outro lutador também era preto. Eram dois pretos a lutar por um cinto de campeão de bairro. Que significado isso teria para eles? Nunca irei perceber, mas quando se fala, nos dias de hoje, em orgulho… nada mais há a acrescentar. Mas a luta continuava. Uma esquerda, outra direita e a resposta era fraca por parte do preto. O primeiro de que vos falei - Não sei o nome dele, sou sincero. Normalmente não fixo nomes. Mais um soco, outro e ainda outro e consegue acabar o segundo round sem um KO técnico.
Entra a miúda outra vez. Boa mas boa. Os piropos eram aos molhos. Ela sorria com uma postura direita como se o mundo se curvasse a seus pés. Já agora, relembro que ia com o numero três escarrapachado no cartaz. Burra, não percebia que de todos os presentes, o único que não lhe queria comer as entranhas, era o maricas do porteiro.
Começa o terceiro round e com um soco acaba o massacre do preto. Por fim acabou o seu sofrimento. O orgulho dele estava de rastos. Pobre orgulho humano que tanto flutua. Tudo acabou como tudo acaba. Com a importância e o significado que queremos dar. Para mim, que assisti a este combate, o mais relevante foi perceber que o porteiro era o único que tinha salvação. O tal que era maricas. Nunca fui bom com nomes.
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