Avançar para o conteúdo principal

Round



Era uma miúda ainda nova. Pelo corpo não lhe daria mais que trinta e tal anos! Era boa, de corpo, já que a personalidade pouco importava para o efeito. Qual efeito? Qualquer um, hoje em dia tudo são efeitos! Mas era a miúda que passeava, de tanga, com um cartaz, com o numero dois escarrapachado, a informar o segundo round numa modesta luta de Boxe.

Plim Plim.

Começa o segundo round e um dos lutadores já não se aguenta nas pernas. Por acaso é preto. Já agora eu sou branco. O outro lutador também era preto. Eram dois pretos a lutar por um cinto de campeão de bairro. Que significado isso teria para eles? Nunca irei perceber, mas quando se fala, nos dias de hoje, em orgulho… nada mais há a acrescentar. Mas a luta continuava. Uma esquerda, outra direita e a resposta era fraca por parte do preto. O primeiro de que vos falei - Não sei o nome dele, sou sincero. Normalmente não fixo nomes. Mais um soco, outro e ainda outro e consegue acabar o segundo round sem um KO técnico.
Entra a miúda outra vez. Boa mas boa. Os piropos eram aos molhos. Ela sorria com uma postura direita como se o mundo se curvasse a seus pés. Já agora, relembro que ia com o numero três escarrapachado no cartaz. Burra, não percebia que de todos os presentes, o único que não lhe queria comer as entranhas, era o maricas do porteiro.

Começa o terceiro round e com um soco acaba o massacre do preto. Por fim acabou o seu sofrimento. O orgulho dele estava de rastos. Pobre orgulho humano que tanto flutua. Tudo acabou como tudo acaba. Com a importância e o significado que queremos dar. Para mim, que assisti a este combate, o mais relevante foi perceber que o porteiro era o único que tinha salvação. O tal que era maricas. Nunca fui bom com nomes.

Comentários

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

CURTA METRAGEM - TRAILER

Aqui fica o Trailer da próxima Curta-metragem. A estreia está para breve e somente condicionada por verbas em falta de patrocinadores. Esperemos que honrem os seus compromissos e que possamos finalizar esta Curta Metragem. Espero que gostem. http://seguesoma.blogspot.com/

Não tem outro nome, é: FUTEBOL!

Sei que é um tema que não interessa a muita gente, mas tenho que confessar: Sou um amante do futebol. E ser um amante do futebol não é só ver 22 malucos atrás de uma bola. Há muitas coisas, para além desta adjectivação, que me fascinam neste grande modalidade. Como por exemplo: - As altas pressões que aqueles atletas, com pouca experiência de vida, são sujeitos. Com estádios cheios e almas carentes de descarregar as suas energias negativas; - O estudo exaustivo e obrigatório da equipa adversária e a consequente estratégia de “batalha” que implementam para ganhar a “guerra”; - A capacidade de liderança dos treinadores que são obrigados a se desmultiplicarem, cada vez mais, para serem competentes: Líderes, amigos, conselheiros, gestores de uma imensidão de recursos humanos, estrategas, comunicadores, etc etc - A dança maravilhosa e hipnotizadora de cada equipa, para quem tem o privilégio de ver um jogo no estádio; - A euforia do golo; - A paixão, inquestionável, de um adepto; - As confer

VAMOS ABATER PESSOAS?

Q uase 12 mil cães e gatos foram abatidos durante o ano de 2017. Acho interessante esta medida de forma a controlar estes animais vadios ou, e sendo mais justo para com eles, que foram abandonados. Tenho pena que esta medida não possa transitar para outros patamares. Todos sabemos que existem umas quantas pessoas que mereciam falecer, e esperar que lhes aconteça algum acidente ou que apanhem uma doença fulminante não é de todo motivador para todos nós. Por isso termos a hipótese de por fim à vida a quem nos incomoda parece-me genial. Poderíamos começar pelas, e dando a primazia a quem foi o rastilho e principiou este projecto, criaturas que se fartaram de ter os seus animais de estimação e resolveram esta equação de uma forma muito simples: pô-los fora de casa para que aprendessem como a vida é complicada quando temos alguém com consciência e que tem a bondade de nos ensinar que afinal a vida não é só comer, dormir e passear. Estes seriam, e com todo o mérito, os primeiros da lista.