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O meu cão é que abana o rabo!

Eu não dou muito ao meu semelhante e o que recebo é sempre mais do que o dobro do que mereço. Por isso a minha desilusão com o próximo é sempre nula. Só me lamento quando me obrigam a ter trabalho.

Coisas simples apaixonam-me e as raridades ofuscam-me – Detesto ouro, odeio diamantes, e não tenho sonhos de ilhas desertas. Gosto de companhia, gosto de um abraço, de um beijo, de um aperto, de estar perto.
Gosto de um berro efectivo mas não gosto de berrarias.
Detesto discussões parvas e quando discuto entro neste circo.
Hoje sou eu, amanhã sou outro… e depois outro, outro e ainda mais outro. Os heterónimos do Pessoa são de toda a gente. Ninguém é alguém verdadeiramente. Somos mil e uma coisas e não somos coisa alguma. Hoje não sou o que já fui. Num amanhã não serei nada.
Se me disserem que “sou assim ou assado” ou comigo as “coisas são desta maneira” é uma grande mentira. Já reagi de diferentes maneiras a uma sopa quente - O meu cão é que abana sempre o rabo quando me vê chegar.

Se quero chorar, choro. Se parecer mal, admiro quem se esteja a borrifar para isso. Adoro gente que é gente de verdade. Essas são as raridades que me apaixonam. A vida é longa para os sábios e curta para os indignados (sem considerar qualquer catástrofe).
Gosto da igualdade. Não me revejo em discursos de “méritos” porque têm sempre jogos sujos pelo meio. Diria que sou de esquerda. Da verdadeira.

Não gosto do trabalho mas sou obrigado a gostar do dinheiro. Não gosto do podre, do mau cheiro, de baratas, de gafanhotos, de ricos desdentados…

Para o Universo de nada vale o que não gosto. E para mim de nada vale a imensidão do Universo porque estarei sempre preso numa pequena caixa.

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TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

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SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!