Avançar para o conteúdo principal

Rosca de vida!


A minha relação com o pequeno migalhas, para os desatentos, um cão pelo qual eu sou responsável, está a correr às mil maravilhas. Já não late de noite e aprendeu que duas ou três sapatadas não são difíceis de sair de uma mente mirrada como a minha.
Estamos no principio da caminhada, confesso, até porque ainda não sabemos qual de nós deve comer na tijela e ele tem uma mania esquisita de mostrar que tem fome.
Mas as coisas estão a progredir aos poucos, já mete muitas vezes o rabo entre as pernas, sinal de medo dizem alguns, eu prefiro chamar-lhe respeito.
Alguém tem que mandar, as oportunidades são raras e quando aparecem nem as unhas e os dentes são suficientes para as agarrar.

Tenho saudades do Alentejo, apetece-me por este sentimento pelo meio. Saudades terríveis daquela terra que me viu crescer e que tive o prazer de aprender, à custa de muitos insultos, que um Chaparro, Sobreiro, Oliveira ou até uma Alfarrobeira não são simplesmente uma "cena" que sai da terra:

- Realmente estes meninos da cidade são umas bestas – dizia carinhosamente a minha Tia, e com razão. 

Pela costa alentejana enchia a minha alma e à tardinha, antes do jantar a tábua era enfeitada com queijos, torresmos, presunto, uns belos de uns enchidos com um pão de outro mundo. Ninguém tinha fome para o jantar até a panela fumegante aparecer - Desde Borrego com migas, a uma bela tomatada, ou à parafernália de corres de um delicioso Gaspacho tudo era sublime.
Os outros sonhavam com o Algarve, o ano todo, zurrando sem fim que no cu de Portugal estaria a plenitude. Os pobres coitados passavam longos quilómetros até chegarem à dita tortura de confusão, sem se aperceberem por onde passavam:

- Olha Compadre, mais uma manada abanando a cabeça até à Via do Infante…

E assim acordo com o uivar de um ser que já pede por mais umas sapatadas!

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!