Chegou um surto novo em Angola que ataca os olhos das pessoas. Até agora nada de grave, com sintomas associados a comichão e vista vermelha e sem qualquer preocupação de maior.
Uma das rádios de Angola saiu à rua e perguntou ao Povo as soluções que tinham encontrado para amenizar os sintomas. Esperava-se, como é óbvio, um espectáculo a todos os níveis arrepiante e as previsões não me decepcionaram: Desde leite a urina tudo serviu para divertir quem se entediava no trânsito, mas o melhor estava guardado para o fim, quando alguém se lembrou de por óleo dos travões nos olhos para aliviar a comichão. Ficou cego, ninguém esperaria que tal acontecesse já que para os travões funciona perfeitamente.
De rádio em rádio de opinião em opinião, todos estão de acordo com o respeitar o próximo. Numa das estações o assunto do dia era o facto de se urinar ou não na rua. Um motivo mais do que suficiente para manter a sintonia naquele posto e mais uma vez a minha intuição não falhou. Enquanto se debatia este assunto, os meus olhos, instintivamente, constatavam, mais uma vez, que é prática corrente entre a população.
Um dos convidados a debater aquele flagelo, achava que não se devia urinar na rua, principalmente por causa do cheiro que fica. Dizia ele que “é desagradável e pode até causar transtorno aos pedestres que por ali deambulam”. Foram exactamente estas as palavras e não querendo ser desagradável, pressinto que foram noites e noites sem dormir para dizer aquela frase, já que a seguir lhe saiu que “ no entanto a urina se vier de pessoas que bebem muita água, não deitará tanto cheiro visto que a água não tem odor”.
Uma conclusão brilhante, pensei eu, até que olhei para o carro do lado e vi um compatriota a despejar um cinzeiro, cheio de beatas, juntamente com 2 latas de cerveja, pela janela do carro. Estive para lhe explicar que os cigarros não são como a água, porque até deitam um cheiro muito desagradável e que existem caixotes de lixo que servem, por incrível que posso parecer, para por o lixo, mas isso poderia levar à justificação de que “em Roma, sê Romano” e isso poderia acabar com qualquer réstia de esperança que eu tenho por todos aqueles que ganham a vida lá (cá) fora.
E como uma uva não faz um cacho e não é um cacho que faz a vindima ainda sou daqueles que acredita que a urina é na sanita e o lixo é no caixote.
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