Todos sabemos as vantagens de se ser fenomenal - Metade do trabalho com o dobro da perfeição.
Eu seria assim se não tivesse vindo a este mundo, como vim agora resta-me ter o dobro do trabalho para sair uma espécie de qualquer coisa medíocre.
Acreditando nas minhas modestas capacidades, alguém se lembrou que eu seria a pessoa ideal para tomar conta de um cão. É verdade, tenho um inquilino novo lá em casa. Por duas semanas tenho a missão de mostrar ao mundo que sou capaz de ser responsável por outro ser vivo. Hoje partimos para o segundo dia desta aventura e nada melhor do que esquecer por completo o primeiro dia. O ladrar de um cão passou a ter um significado mais vincado no meu vocabulário. Já agora, o rapazinho chama-se Óscar.
Vocês chegaram à Primavera, eu continuo numa espécie de torreira, e de mão dada nascem as flores. Confesso que nunca me fascinaram, não por ser homem e ter receio de dizer que gosto de flores, mas porque me faz confusão a beleza estática. Nunca compreendi floristas e centros de mesa com jarras em decomposição. Serei um eterno amante do vento quando sopra na densidade certa, do sol quando me bate de frente e do riacho quando lhe vejo as entranhas. Cresce-me o ódio por só conseguir ver as pessoas que se metem em bicos de pés, por ver carros e mais carros só com uma pessoa lá dentro, por cada casa ter uma televisão na cozinha e por saber que um dia tudo tem um fim.
Será, se calhar, por isso que a virtude de uma flor que num espirro caduca mostra-nos uma realidade que para nós dura em média 65 anos.
Definitivamente, não gosto de flores!
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