Por isso hoje o tema é dos mais sensíveis e importantes que foram aqui discutidos. Falo, claro está, dos Pais de crianças gordas.

Por isso hoje o tema é dos mais sensíveis e importantes que foram aqui discutidos. Falo, claro está, dos Pais de crianças gordas. Não dos Pais que são gordos, que isso pouco me importa, mas sim das suas belas e gordas crias. Um Pai que tem um filho gordo, permitam-me dizer - e não há uma maneira delicada para o fazer - é uma besta. Um puto, acredito eu, é capaz de por para o bucho uns belos pacotes de batatas fritas, uns bons hambúrgueres e para rematar um delicioso bolo de chocolate. Quem não era?
Atenção que eu adoro gordos, até que porque, normalmente, são sempre simpáticos. A minha teoria é que a simpatia dos gordos é quase obrigatória. Uma pessoa magra, elegante e bem-parecida pode muito bem não precisar da simpatia para atrair o seu semelhante. Já um gordo se não for simpático arrisca-se a que nem as moscas o aturem. Mas estamos a desviar-nos do assunto que nos levou a estar aqui todos reunidos – filhos gordos. Ora este assunto surgiu porque fui jantar a casa de uma pessoa amiga e ela é possuidora de dois belos leitõezinhos. Os dois luzidios leitões, antes do jantar, andavam a competir para ver quem comia mais porcaria. Abriram as gavetas e todas as portas da despensa e enfardaram como se quisessem estar prontos para a matança. Claro está que quando principiamos o jantar, com uma bela sopa de legumes, as criancinhas fizeram um ar de quem está a olhar para um desorganizado aglomerado de verduras que foram cozidas em água a ferver. Não é apetecível. O espanto dos Pais, por as crianças não comerem a sopa, é que me deixou com pouca esperança na humanidade. Mas será que não se apercebem do óbvio? Não pude deixar de comentar e dar a minha opinião, visto que são meus amigos, e disse-lhes que aquelas criaturazinhas andaram durante uma hora a comer bolos e chocolates e que a seguir imporem-lhes uma sopa era, no mínimo, ridículo. Como sempre os meus comentários soam mal e as pessoas levam tudo muito a peito. Tenho esse defeito e é por isso que são raras as vezes dou a minha opinião. Mas neste caso, pensava eu, estava a falar com dois amigos e achei que o podia fazer abertamente. O jantar acabou com duas birras de fazer estremecer o prédio e parece-me que ficou a sensação que a culpa tinha sido minha. Acabo como comecei este raciocínio: Adoro gordos, mas são os filhos gordos que me causam sempre maior confusão.