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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2013

Só, se não puder.

Só se não puder. Humm, o que vos parece? A mim parece-me bem, e tenho que minar as minhas páginas sociais com estes mandamentos. Não vá um dia um futuro patrão investigar a minha pessoa e vê que de mim terá tudo. Só se não puder! Bem, mas venho, hoje, falar-vos da coxa. Andava à coxa a difamar a filha porque ela não queria trabalhar. Imagine-se uma coxa… se tem personalidade jurídica para difamar alguém! Acho que a miúda não era muita dada ao trabalho. No fundo como todos vocês. Nada de novo, portanto. Mas ela assumia isso. Não tinha nascido para trabalhar. A miúda era perfeita – belas coxas, inteligente, cabelos aos caracóis e uma personalidade forte… só que não mexia uma palha. A vida corria-lhe de feição não fosse a coxa, sua mãe. Todos os dias acordava mais cedo do que queria, com a coxa aos berros - Vai à procura de trabalho sua galdéria, não é na cama que o vais encontrar. Normalmente era, esta, a frase favorita. A miúda nem ai nem ui. Deixava a cama num salto e enfiava-se

FMI

Era de noite e o Zé da Pipas caminhava na bruma que ele próprio tinha semeado. A turva era constante. Com o medo abafado pelos litros de tinto que bebia, caminhava de peito feito pelas ruas com o dinheiro no bolso de mais um dia na Adega. Alimentava alcoólicos diariamente. Era um traficante à antiga. Só vendia vinho. Nem um petisco, para acamar o estômago, ele tinha. Assumia que não queria ter mais que fazer do que encher copos 3. O primeiro a ser servido era, sempre, o António das Rolas. Pelo ar de impaciência, do António, o Zé sabia se na noite anterior tinha bebido mais do que a conta. Não precisava de relógio para saber que nesse dia fatídico, para os dois, tinha chegado mais tarde do que nunca. O António já espumava pela boca e tremia que nem varas verdes. A discussão foi acesa. Acordaram, naquele pátio, todos os habitantes da aldeia. Temia-se o pior sem terem a noção que tragédia se avizinhava. A velhota Júlia, da padaria, que pela idade mais parecia uma múmia, com a bengala ao

Perfume

Ainda sinto o cheiro da sua pele. Um cheiro inesquecível que se entranha, que nos enlouquece. Pingava suor do sovaco e era um cheiro a vinagre que não se podia. Ninguém lhe dizia nada porque parecia mal. Aguentávamos o cheiro que nem uns heróis. Agoniados, mas mantínhamo-nos firmes. Tudo tem um limite e a cada dia parece que vinha pior. Mais refinado, mais requintado. Alguém tinha que falar com a Antónia. Como abordar um assunto tão delicado. “Antónia cheiras mal e assim ninguém aguenta” esta seria premissa. Todos já estavam de acordo – Temos que falar com a Antónia! O João não poderia ser o eleito porque é um homem do norte. São como os malucos e dizem tudo o que pensam. Não filtram e a Antónia não merecia isso. As palavras têm muita força e por magia tínhamos o nosso colega Bruno que embora não fosse poeta era uma pessoa extremamente sensível. Era surdo/mudo. Com gestos explicou o que todos queríamos dizer. Abanou a mão, freneticamente, em frente ao nariz uma dúzia de vezes. A

Foi Deus ?

Cada vez mais aprecia a escrita rectilínea, sem muitas curvas sem muitas vírgulas. O que é para se dizer, deve ser dito rapidamente, sem apetrechos com poucos adjectivos. Curto e grosso. Não tem paciência para o acessório, emana objectividade. Não quer saber da roupa à janela, ou se a casa era amarela. Se está um dia radioso ou se a chuva molha parvos. Respeita o silêncio e conhece-o cada vez melhor. Nem tudo precisa de ser descrito, nem tudo tem que ser dito. Os dias são dele, não precisava de se justificar ou agradar a alguém. Possuía todas as horas do dia com a mágoa de quem conhece o mundo. Em tempos, muitos lhe pediram ajuda, concelhos, esmolas. Agora o seu telefone, só serve como despertador e para ver as horas. Está velho e sem estar doente apodrece num hospital. A Dona Teresa e a menina Inês lá vão passando anunciando o “Bom dia”. A enfermeira e a auxiliar todos os dias lhe dão uma festa na cara enrugada e esse, é o momento mais triste do dia. Sabe que não terá forças para sair

Para quem tem pouco tempo

Adoro arroz de cabidela. Dos meus pratos favoritos. Não gosto de pessoas muito penteadas, normalmente são as mais perigosas. Era só isto. Obrigado e bom dia.

O Rafael não resistiu

A Joana entrou na loja para comprar mais um par de sapatos. O namorado, ficou à porta o que indica um mau presságio - Já não tem paciência e só namoram há um par de meses. A Joana, como todas as mulheres, gosta de companhia, gosta da opinião do namorado. Parece tão simples e inocente que acabamos sempre como os maus da fita. Mas nada que a demova do seu objectivo. Ela anda à procura de algo diferente. Precisa, como de o pão para a boca, de uns sapatos pretos mas abertos à frente em forma de meio circulo. Até pode ter laço, mas não pode ser muito evidente. O salto tem que acompanhar a evidência do laço. Não muito altos. Ainda não foi nesta loja. Sai zangada em duplicado, por não ter a companhia do namorado e por não ter encontrado os sapatos na sétima loja que entrou. Mundo injusto. O namorado, o Rafael, vai a caminho para a oitava loja e tenta por paninhos quentes. Já assume uma culpa que nunca nos fugirá. Respira fundo e concentrasse na árdua tarefa de ter um ar interessado e não ca

Estão abertas as candidaturas.

Definitivamente gosto da diferença. Gosto quando alguém tem a ousadia de se portar mal, mas no bom sentido. Imaginemos num restaurante, um sujeito se levanta da cadeira e grita a plenos pulmões “ Eu hoje estou feliz, caralho” Bom, se calhar poderíamos tirar a asneira. Não precisamos ajavardar um momento bonito. Mas gosto disso. Gosto da imprevisibilidade mas com valores. Detesto barracadas, embora seja considerado imprevisível. Normalmente, também não gosto de hierarquias. Digamos que tenho dificuldade intelectual em aceitar qualquer tipo de orientação. Tenho a tendência de avaliar a equipa em conjunto e normalmente não chego a bons resultados. A avaliação técnica nunca me interessa muito, interessa-me mais a felicidade, a motivação e a resposta, como equipa, a problemas comuns. Penso e rebusco soluções para as minhas apatias. Quero ser chefe de mim próprio, e cada passo está mais perto do sucesso. Diria que não sei quando, não sei como, mas vou lá chegar. Aproveito, desde já, pa

É preciso abanar, sempre !

Uma história inspiradora

Isto é uma história inspiradora, cheia de despertares luminosos para os vossos corações. Desde logo a personagem principal é um coelho branco, o que por si só demonstra alguma pureza e depois teremos um burro chamado Zé, que no fundo é o vilão desta história. A história começa de trás para a frente porque não a saberia contar de outra maneira. Portanto, e para que não haja a incerteza se esta história acaba bem ou não, posso-vos dizer que o coelho morre atropelado pelo burro Zé que vinha a puxar uma carroça carregada de feno. O coelho não tinha as patas da frente, não pensem que era alguma espécie de piada. Sempre se arrastou desde que nasceu. Nasceu assim, portanto. Antes de ser atropelado pelo burro Zé, o coelho tinha inúmeras actividades sociais. Desde ajudar ovelhas vitimas da ganância humana, chegando até, e só com as patas de trás, a ajudar tartarugas velhas a atravessar o riacho. Era um coelho inspirador por assim dizer. Todos o admiravam pela sua compaixão e força de viver.

Ainda não dou nada

Há dias aconteceu-me uma coisa inédita. Para além de o meu cão, outro ser vivo demonstrou que tinha saudades minhas. Ainda por cima um ser humano. Disse-me assim, sem mais nem menos, que tinha saudades de rir com o abdómen! Fiquei contente de ser considerado um palhaço na vida dele. Era isso que eu era porque agora já não posso. Estou longe há tanto tempo que nem me lembro de quem eu era. Não sou o mesmo seguramente. Diriam os mais chegados que estou mais parvo, eu diria que não. Diria que ainda consigo ser mais. Mas, é bom sentirmos que fazemos falta a alguém. Nem que seja a um cão, e aliás foi por isso que adotei um. Não pela companhia, não por capricho, mas essencialmente por ter, diariamente, alguém que sente a minha falta. Também faço pouco por isso, confesso. Faço pouco para que sintam a minha falta. Porque para isso é preciso dar, e dar é sempre de borla. O que é chato. Nunca fui muito amigo de dar de mim. Você gostam de dar? Se gostam, tem que dar todos os dias, e cada vez mais

Homens ou Ratos ?

Houve uma senhora, na minha infância, de seu nome Tia Emília que dizia a seguinte frase cada vez que a bola ia para o seu quintal “ que eu seja puta como as galinhas, se da próxima vez que a bola vier aqui parar eu não a desfaça em pedaços!” E assim ameaçou dezenas de vezes, até que houve uma delas que acabou, mesmo, por rasgar a bola. As galinhas puderam, finalmente, ficar descansadas e nós, pequenos e ingénuos rapazes, que só queríamos dar uns chutes na bola, aprendemos pela primeira vez que, para além de as galinhas serem dos animais mais dados à galhofa, não se deve insistir muito numa brincadeira. Podia terminar aqui este brilhante raciocínio, mas quando se fala da Tia Emília é obrigatório falar do seu marido, o Tio Manél. Este senhor era mais ponderado, diria que era o ponto de equilíbrio deste carismático casal, também tinhas as suas ideologias e normalmente só partilhava com o comum mortal quando o bafo a vinho assim o exigia, e dizia sempre o mesmo “ O Tio Manél da barra

O fim desta história somos nós que escolhemos!

Esta é uma história de encantar: Era uma vez um menino muito estupido que tinha nascido num berço de ouro. Os Pais, também eles estúpidos, habituaram a criança a ter tudo o que queria. - Buáááá, quero um carro telecomandado – Berrava a criança. - Toma meu querido – Diziam os Pais. Assim era a vida desta pequena besta, que à mínima birra tinha o mundo nas palmas das suas mãos. Mas o pior é que este menino tinha muitos irmãos. Tantos que eu nem os consigo contar. E todos eles queriam coisas. A família era muito conceituada e poderosa, mas a tantos pedidos era difícil satisfazer. A teia começou a ser gigantesca e muitas foram as vitimas desta ganância cega. Esta família tinha uma rivalidade com uma outra família, também ela muito antiga, de sobrenome PS. A rivalidade no fundo não era mais do que a guarda, ao que parece legítima, de um tesouro. Um tesouro com mais de 800 anos de história, mas que ia ficando cada vez mais frágil, cada vez mais fraco e até cansado, se assim se pode