Daí a 5 minutos ia-me encontrar com uma pessoa idosa. Desejaria que fosse rápida a conversa para me despachar e ir à minha vida. Quando o vejo ao longe a cambalear, barba mal feita, com sérias dificuldades em se locomover, pescoço torto e parecia que vinha perdido. Ele estava no lar já há alguns anos e aquele ar de quem não sabe onde está agoniou-me. Finalmente chegou ao pé de mim e pediu-me a única coisa que eu não lhe queria dar: tempo. Pegou-me no braço e obrigou-me a sentar e foi direito ao assunto como um relâmpago num dia de céu limpo – já tiveste alguém próximo que se suicidou?
Eu disse que sim e não querendo muito desenvolver o tema até porque ainda estava agarrado ao “meu tempo” que me estava a ser roubado. O senhor baixou a cabeça e começou a explicar que já tinha perdido alguns alunos por se terem suicidado e o que mais o angustiava era o facto de não ter a certeza que tinha feito de tudo para que isso não acontecesse. De não ter previsto e mais dramático ainda, nem sequer ter desconfiado. A relação de um professor/alunos, explicava-me ele, é das mais importantes que teve na vida. Para além das inúmeras matérias que era obrigado a despejar, e muitas delas que não lhe faziam o mínimo sentido, sempre teve o cuidado de dar tempo ao aluno para falar, para dar a sua opinião, para ele próprio se ouvir. Ainda assim o seu maior crime foi de não ter conseguido dar esperança a esses jovens.
- Que lhes deixamos como visão? O que lhes oferecemos como perspectiva de futuro? Esperança é preciso para todos - continuou ele –principalmente para pessoas com a minha idade. Os meus melhores alunos não foram para a política. A política tornou-se um refúgio dos medíocres. Os melhores alimentam-se, nos dias de hoje, por dinheiro. E eles não precisam de roubar porque têm a inteligência para a influenciar os outros a entregarem-lhes de livre vontade. Claramente este não é o caminho mas nunca tive a magnitude de o poder explicar.
Quando eu fiquei com a disponibilidade de ficar ali a tarde toda levantou-se e pediu-me desculpa por ter tomado o meu precioso tempo.
Eu disse que sim e não querendo muito desenvolver o tema até porque ainda estava agarrado ao “meu tempo” que me estava a ser roubado. O senhor baixou a cabeça e começou a explicar que já tinha perdido alguns alunos por se terem suicidado e o que mais o angustiava era o facto de não ter a certeza que tinha feito de tudo para que isso não acontecesse. De não ter previsto e mais dramático ainda, nem sequer ter desconfiado. A relação de um professor/alunos, explicava-me ele, é das mais importantes que teve na vida. Para além das inúmeras matérias que era obrigado a despejar, e muitas delas que não lhe faziam o mínimo sentido, sempre teve o cuidado de dar tempo ao aluno para falar, para dar a sua opinião, para ele próprio se ouvir. Ainda assim o seu maior crime foi de não ter conseguido dar esperança a esses jovens.
- Que lhes deixamos como visão? O que lhes oferecemos como perspectiva de futuro? Esperança é preciso para todos - continuou ele –principalmente para pessoas com a minha idade. Os meus melhores alunos não foram para a política. A política tornou-se um refúgio dos medíocres. Os melhores alimentam-se, nos dias de hoje, por dinheiro. E eles não precisam de roubar porque têm a inteligência para a influenciar os outros a entregarem-lhes de livre vontade. Claramente este não é o caminho mas nunca tive a magnitude de o poder explicar.
Quando eu fiquei com a disponibilidade de ficar ali a tarde toda levantou-se e pediu-me desculpa por ter tomado o meu precioso tempo.
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