Miguel baixa lá o braço que tu não contas. Este rapaz tem uma vida social invejável, para aqueles que acham que conviver à ganância e com diversas pessoas é sinonimo de ser “buéda cool”
No outro dia tive vergonha de mim próprio. Não sei se já vos aconteceu, mas comigo acontece com alguma frequência. Por isso este texto é uma reflexão profunda sobre pessoas. Não incluo aqui os Radicais, aqueles que Nunca se fartam de pessoas ou, os outros, que estão Sempre fartos de pessoas. Falo de indivíduos normais e que de tempos a tempos, ou com alguma frequência, se fartam do seu semelhante. Quem de nós nunca se fechou em casa só para não ter que vestir uma máscara, de uma pessoa decente, e que consegue falar e conviver com seres humanos, que levante o braço?Miguel baixa lá o braço que tu não contas.
Este rapaz tem uma vida social invejável, para aqueles que acham que conviver à ganância e com diversas pessoas é sinonimo de ser “buéda cool”: “Olha eu aqui com a turma do 9º ano!” ou ainda “ Convívio anual da malta que andou nos escoteiros!”.
O Miguel, na verdade, é como tantos outros que deveriam ser caso de estudo. Na medida em que é, no mínimo, intrigante que este mundo tenha sido concebido (segundo a minha ideia) para as pessoas se darem bem e conviverem uns com os outros… e o Miguel faz isto na perfeição.
Do outro lado temos a Maria. A Maria é péssima com pessoas. Não gosta de ninguém e insiste em afirmar que não foi feita para este mundo (como se existisse outro). Para a Maria se a raça humana fosse extinta , suspeito que ainda reclamaria que vinha tarde a exterminação. A Maria é assim, não gosta e pronto.
Num mundo ideal, e acreditando que estamos todos ligados, só um encontro de “estilos” entre o Miguel e a Maria poderia, e voltando ao início deste texto, fazer com que eu não sentisse, por vezes, vergonha de mim próprio. Acredito, e tirando estas duas facções representadas aqui por estes dois exemplos, que muitos de nós já imploramos por não ter a companhia de ninguém. Inclusivamente já ignoramos a campainha da nossa casa ou uma voz do outro lado da estrada como se a surdez fosse uma dádiva divina. Chegamos ao cúmulo de pegar no telefone e fingirmos uma chamada para atravessarmos um corredor de potenciais ameaças de tédio. Alguns de vocês mentem sistematicamente com agendas cheias impossibilitando assim um belo almoço de convívio com amigos que já não vêem há imenso tempo. Poderíamos concluir que o “próximo” é maçador e chateia se não fosse essa palavra assustadora: Solidão. A solidão assusta e o convívio, por vezes, ainda mais. Por tudo isto, e ainda mais, tenham um Santo e Feliz Natal.