E isto passa a ser normal e assustadoramente simples para a cabeça de muita gente. Eu sempre disse que detesto servir.
Quando se pergunta para que serve a música, para que serve o tetro, a literatura, etc… acho que à partida a pergunta por si só é parva e não faz sentido. Para que serve o pôr-do-sol? Não estamos a falar de uma máquina de café, que serve para tirar cafés. Aqui não há dúvidas. Ou para que serve uma máquina de lavar loiça, que não serve, por mais surpreendente que possa parecer, para lavar roupa. Há coisas que não servem para servir. Eu próprio não sirvo para servir ninguém mas como nunca tive um espirito empreendedor fui obrigado a isso. E de há uns anos para cá sou um servidor. Sirvo por necessidade, mas esta questão não encerra sobre si que todas as pessoas têm que servir para alguma coisa. Há pessoas que não servem para nada e são essas que mais se servem das pessoas. O “servir” é uma palavra que me incomoda como se nota neste pequeno, mas esclarecedor, texto. Muitos analisam o próximo com o intuito de “para que me servirá esta pessoa?” Tudo e todos têm que servir para alguma coisa. Não damos um passo se não tivermos quase a certeza absoluta de que foi um passo em direcção a algo, que serviu para alguma coisa. Porque se não, não vamos. Ficamos quietos. Isto parece-me tudo muito mecanizado sendo que “eu só ligo a impressora se for para imprimir.”
E isto passa a ser normal e assustadoramente simples para a cabeça de muita gente. Eu sempre disse que detesto servir. Se me contactarem à espera que eu vos sirva para alguma coisa, desde já aviso que eu não sirvo para nada e quero continuar assim. Eu sei que corro o risco se não vivo para servir…