Eu imagino a capacidade destas bestas que passados três ou quatro meses chegam com a criança às respectivas instituições e dizem, como se de um brinquedo estragado se tratasse, que afinal não era bem isto que imaginavam: “choram muito, fazem birras e precisam que lhes façam as coisas todas.”
Ontem foi o dia da criança e foi bonito ver a enxurrada de gente a demonstrar carinho e amor pela pequenada. Este dia não é como tantos outros que há por aí. Digo isto sem qualquer desprimor para com os outros dias mas as crianças são, juntamente com os idosos, seres que dependem exclusivamente de nós. Não sei se há o “Dia do Velho” mas se ainda não decretaram esse dia, permitam-me sugeri-lo porque têm todo o direito. Ora, o dia da criança também nos trouxe dados que são, no mínimo, curiosos. Vejamos: o ano passado foram devolvidas quarenta e três crianças que tinham sido adoptadas. Sendo que metade delas tinham menos de dois anos. Quantos de nós já não ouvimos que a burocracia para se adoptar uma criança é muito complicada e todos nos empoleiramos, com conhecimento nulo das situações, e dizemos que é uma vergonha? Eu também acho que é uma vergonha porque parece que existe um período de seis meses de adaptação e uma espécie de experimentalismo. Não estou minimamente contra este período porque as pessoas que devolvem as crianças permitem revelar muito do seu caracter. Eu imagino a capacidade destas bestas que passados três ou quatro meses chegam com a criança às respectivas instituições e dizem, como se de um brinquedo estragado se tratasse, que afinal não era bem isto que imaginavam: “choram muito, fazem birras e precisam que lhes façam as coisas todas.”
A Senhora que deu a cara por esta situação explicava que é muito difícil saber se, efectivamente, as pessoas que querem adoptar têm ou não a capacidade e vontade para o fazer. Imagino que sim. É como ir a uma entrevista de emprego. Qualquer camafeu tenta mostrar o melhor de si e só um maluco diria: “olhe eu só de ouvir a palavra trabalho dá-me vontade de o espancar com um ferro em brasa”
Mas o problema é que estamos a falar de um ser pequenino, indefeso e que pela segunda vez, na sua curta vida, é rejeitado por “pessoas” que deveriam morrer cedo. A morte não se deseja a pessoas. Tudo o resto que não contribua para o ecossistema tem que, impreterivelmente, ser varrido do planeta. Por isso é que me dá pele de galinha quando ouço que os casais “gays” não deveriam adoptar. Mas eu quero lá saber se é gay, preto, amarelo ou às pintinhas. Desde quando é que a capacidade de uma pessoa, neste caso duas, é proporcional ou equivalente ao sexo, cor, raça, religião ou tendência sexual? Se no vosso mundo é assim então sugiro uma coisa: Árvores com galhos e uns primatas para desabafarem.