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NÃO SÃO APENAS TROCOS


Nunca fui enganado por uma máquina de por moedas mas, ainda assim, confiro sempre o troco. Diria que estou habituado a que tudo o que envolva dinheiro se transforme e distorça de uma forma surpreendente. Mas deve ser uma mania minha, não quero estar aqui a levantar falsos testemunhos ou a influenciar alguém. Simplesmente não confio – seja no que for ou em quem for. Por exemplo, se a minha mãe me pedir um euro para ir beber um café, quando me devolve o troco eu, inevitavelmente, confiro. E neste caso, como a minha mãe não é uma máquina, de vez em quando engana-se: “Oh mãe falta aqui 20 cêntimos!”
Normalmente as moedas em questão caem, sem querer diz ela, para o fundo da mala. Ainda por cima, a minha Mãe, é Senhora para andar sempre com malas grandes. Eu só posso imaginar as histórias que os recantos daquelas malas têm para contar. Somando tudo, se ela não gastasse o dinheiro em porcarias, poderia, imagino eu, ter umas férias todos os anos em cada canto do planeta. Mas, justiça seja feita, quando eu era rapazote também eu próprio fui beneficiado pelos recantos destas malas - não queria aprofundar este assunto, até porque não traz benefício próprio, mas fica aqui a nota. Milhares de trocos são feitos diariamente e “enganos” constantes acontecem. Normalmente quem faz o troco tende a por dinheiro a menos, mas por vezes também acontece o contrário. A mim já me aconteceu darem-me moedas a mais. Como devem imaginar, conferi o troco, reparei que vinha a mais 2,20€ e fiz o que se deve fazer - agradeci e fui-me embora. Achei que dizer aquela pessoa que se tinha enganado a fazer o seu trabalho não seria bom para o seu brio profissional. Há que ter a coragem de vez em quando, e reparem na qualidade da piada linguística, de não dar troco quando se enganam no troco.

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!