Nunca fui enganado por uma máquina de por moedas mas, ainda assim, confiro sempre o troco. Diria que estou habituado a que tudo o que envolva dinheiro se transforme e distorça de uma forma surpreendente. Mas deve ser uma mania minha, não quero estar aqui a levantar falsos testemunhos ou a influenciar alguém. Simplesmente não confio – seja no que for ou em quem for. Por exemplo, se a minha mãe me pedir um euro para ir beber um café, quando me devolve o troco eu, inevitavelmente, confiro. E neste caso, como a minha mãe não é uma máquina, de vez em quando engana-se: “Oh mãe falta aqui 20 cêntimos!”
Normalmente as moedas em questão caem, sem querer diz ela, para o fundo da mala. Ainda por cima, a minha Mãe, é Senhora para andar sempre com malas grandes. Eu só posso imaginar as histórias que os recantos daquelas malas têm para contar. Somando tudo, se ela não gastasse o dinheiro em porcarias, poderia, imagino eu, ter umas férias todos os anos em cada canto do planeta. Mas, justiça seja feita, quando eu era rapazote também eu próprio fui beneficiado pelos recantos destas malas - não queria aprofundar este assunto, até porque não traz benefício próprio, mas fica aqui a nota.
Milhares de trocos são feitos diariamente e “enganos” constantes acontecem. Normalmente quem faz o troco tende a por dinheiro a menos, mas por vezes também acontece o contrário. A mim já me aconteceu darem-me moedas a mais. Como devem imaginar, conferi o troco, reparei que vinha a mais 2,20€ e fiz o que se deve fazer - agradeci e fui-me embora. Achei que dizer aquela pessoa que se tinha enganado a fazer o seu trabalho não seria bom para o seu brio profissional. Há que ter a coragem de vez em quando, e reparem na qualidade da piada linguística, de não dar troco quando se enganam no troco.