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PEQUENAS COISAS



Quando alguém me diz que a partir daquele momento começou a dar importância às pequenas coisas da vida, facilmente percebemos que alguma coisa – e aqui podemos imaginar que foi alguma coisa grande – não correu bem. Dar importância a pequenas coisas não revela um despertar para o mundo, uma nova consciência, uma maneira nova de viver, mas sim uma obrigação de dizermos que nem tudo foi mau. As pequenas coisas, serão sempre pequenas e nós colocamos uma lupa gigantesca para mostrar ao próximo «Vês, olha que bonito!»
Quem não sabe que um caracol em cima de uma folha pode ter o seu encanto? Depende da perspectiva e da disponibilidade que cada um tem para conseguir ver o que nos rodeia, poderão pensar os leitores. Não passa de um caracol em cima de uma folha, mas se nesse momento o sol sair por detrás de uma nuvem e iluminar aquele pequeno cenário, tendemos a reforçar que estamos perante uma pequena coisa grandiosa. Eu reconheço a importância do Sol como poucos: Africa mostrou-me isso durante 7 anos e o sol iluminava, para além de caracóis, tudo o que não estava à sombra. Se fossemos realmente seres vocacionados para contemplar todas as pequenas coisas sobre o escrutínio do Sol, tornar-se-ia fastidioso ao ponto de rezarmos para que a noite chegasse.
No outro dia a Porteira do meu prédio, entre um sorriso amargo, também afirmava com todas as suas forças «(…) ao menos sei com quem posso contar!» Parece-me obvio que alguém ali, segundo a senhora Cremilde, não se deixava iluminar pelo sol. Mas suspeitamos que a senhora tinha, pelo menos, uma pessoa que poderia contar. E se assim for, ter apenas e só uma pessoa que podemos contar, efectivamente é mau. E não me venham com a lição que «é melhor um pássaro na mão, do que dois a voar» Eu também gosto de pequenas coisas. Mas só ter uma? Também não me parece justo.

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ