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LÁ VAI A PUTA by Eva dos Anões

Está de volta a Eva e com todo o seu esplendor:


Era a Ritinha. Pobre menina sempre afoita para uma brincadeirinha. Num descuidado traje de tecido amarelo lá ia ela de cabelos sebosos ao vento como se o mundo lhe devesse esse ar!
“Lá vai a puta!” Diziam os ressabiados com as mulheres gordas e enfadadas em casa. A Ritinha continuava, sempre com as suas brincadeirinhas. Não tinha amigos porque ninguém saberia ou conseguiria sê-lo na verdade: Os homens porque as hormonas lhe tolhiam o cérebro e as mulheres por serem, como sempre, invejosas ao ponto de quererem sempre destruir a beleza alheia que nunca lhes bateu à porta!
Ela sabia disso, a Ritinha, a sua consciência sempre foi o seu maior tesouro. Não se importava porque sabia que a todos está destinado o que é seu. Parece vago mas ela sabia o seu caminho. “O meu caminho faço-o caminhando” dizia a menina, com aspecto frágil, mas com uma segurança digna de uma forca impiedosa. Todos viviam, naquela aldeia, como se a vida lhes devesse tudo. Não faziam metade do que ela sempre fez por eles. A Ritinha continuava a passar. Passaria quantas as vezes fossem precisas. Mas tudo tem um fim, e o fim chegou como um grotesco destino. Ninguém mais viu a bela menina. Mesmo que procurassem, nada mais havia a saber. Para onde foi? Que será feito da criatura? Eu digo-vos em segredo que todos daquela aldeia, sem excepção, no seu íntimo queriam um desfecho trágico para assim apaziguarem as suas podres e pobres vidas. A menina apareceu mais tarde como nunca imaginariam que fosse possível. Sempre estivera ali perto deles. A notícia rasgou a aldeia que nem um raio enfurecido:
“ Está morta, está morta…”
Até houve lágrimas. Imaginem!
A tristeza humana no seu esplendor!


Eva dos Anões

Comentários

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ