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Fagulhas

A todos um belíssimo Natal e um ainda melhor ano novo. Poderão pensar que é cedo de mais, mas o menino vai de férias e não quero de maneira nenhuma deixar de ser, como sempre fui, educado. E bem preciso ir de férias porque o trabalho tem-me dado que fazer.

De resto, queria antes de me ir embora dar uma palavra amiga a um grande amigo. Ele considera-me o seu melhor amigo da América do Sul visto que não conhece lá mais ninguém. E eu retribuo com esta pequena homenagem, que bem precisa, porque está à rasca de um braço e poderia ter sido mais grave a consequência do enorme acto heróico que teve na noite de sábado: Estampou-se contra uma mesa ao se lançar que nem um super-homem para matar uma barata que ameaçava toda uma festa de anos que, só por si, já não estava a correr bem. Não matou o inimigo mas todo o cenário para o fazer deixou uma onda de boa disposição que só foi estragada por causa de um outro amigo, melhor, de uma outra besta, que decidiu embebedar, às nove da noite, o aniversariante com chuvas de shots de Cachaça. Poderia ser engraçado, e para ele foi, se no outro dia todos acordássemos com uma enorme ressaca e não nos lembrássemos de metade do que aconteceu. Que giro que é quando as festas se resumem a fagulhas de alguma coisa que não se sabe bem o que foi! Ahhhh, fazem-me lembrar os belos concertos que a malta ia com verdadeiros comas alcoólicos onde a única lembrança, no dia seguinte, era o bilhete de entrada que ficava todo amachucado no bolso de trás das calças de ganga. Bons e velhos tempos em que tudo era nada e o nada poderia ser tudo.

Como podem ver termino este ano em beleza como se o mundo fosse verdejante e eu o coelhinho branco a saltar sobre ele.

Estaremos de volta em Janeiro que para mim é o mês mais bonito do ano!

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!