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ADEUS

O menino sonhava ser escritor - Os colegas queriam ser jogadores da bola - Este só queria ser escritor. Começou cedo a escrever histórias. Ninguém as lia, nem os Pais, que normalmente fazem sempre esse tipo de sacrifícios, tinham paciência para a confusão de personagens e enredos que o Tiago para ali arranjava. Ele continuava com uma felicidade que sempre me impressionou. Cresceu, tronou-se um homem e continuava a escrever textos e mais textos, histórias e mais histórias. Ninguém as lia, e ele não queria saber.

Casou e teve 4 filhos. Trabalhava na esquina da sua rua sempre com a mesma precisão, sempre com o mesmo empenho. Contava histórias aos seus filhos para eles adormecerem, as histórias que ele próprio escrevia. Nunca se repetia e nenhum deles pediu para repetir alguma. Ele era escritor. Ele era feliz por sê-lo. Escreveu a carta de despedida muito antes de se despedir. Era demasiado feliz para forçar o seu fim. Escrevia e continuava a escrever, sempre com caneta e papel. Nunca nenhuma tecnologia lhe retirou este hábito. Eram pilhas e pilhas de letras, de palavras, textos e livros que nunca forçou ninguém para os ler.

A carta de despedida sempre ficava em cima da velhinha mesa de madeira situada ao canto, junto à janela, do seu quarto. Passavam folhas, textos, canetas, papel amachucado, mas sempre tudo era arquivado, menos a sua carta de despedida. Só ela poderia ficar ali em cima quando ele terminava o seu ritual de escrita e depressa arrumava todos os gatafunhos.

Tudo tem um fim, e o Tiago partiu já os filhos estavam casados e em seus ninhos. A mulher foi pouco antes dele como se adivinhasse que não aguentaria sozinha. Ela amava-o profundamente. Daqueles amores que nada há em troca. A carta de despedida estava ali para ser lida, foi a sua única exigência. Somente dizia uma palavra como se não houvesse mais nada para dizer. Dizia “ADEUS!”

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TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Obrigado pelo vosso miminho !

Tinha que partilhar este vídeo - Não para vos mostrar as minhas qualidades fotogénicas, mas porque adorei a surpresa. Obrigado minhas lindas!

Dedicado...

As amizades conquistam-se. Não se fazem ao sprint nem com esforços desmedidos. E eu tenho algumas amizades para conquistar. Daquelas boas… que enchem a alma, que cobrem os nossos medos como um escudo. Que não se desfazem com uma zanga, que não desaparecem por vergonha de o tempo passar. As amizades perduram, não se perdem com o tempo. As amizades não são uma absorção desmedida, uma perseguição diária, uma intensidade absurda. Amizade é poder dizer um “não” com convicção, um sim por tolice, um talvez se me apetecer. Amizade é fazer mais do que eu faço, e menos quando tiver que ser. Amizade não é o indicador apontado... ou deixar o outro amuado. Amizade não é alegria constante. Não é puro divertimento e euforia. Amizade não é uma festa, não é um encanto. Amizade é uma necessidade… é uma solidão que se apaga. Amizade é conhecimento. Amizade é uma tristeza partilhada, uma lágrima que se abafa … um sorriso nas brumas, um sopro teu! Para ti Tiago Jorge dos Santos Roseiro uma grande e eterna ...