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A primeira história

Isto é uma história. Uma história pequena e não passa disso mesmo, de uma história.

Não foi num certo dia, pois a precisão ainda me acompanha, foi mesmo a 25 de Janeiro do longínquo ano de 1975 quando tudo podia ter acontecido. Rafael parte em busca da felicidade. Ele não sabia mais do que precisava para ser feliz, mas sabia que tinha que partir. Entre montes e vales, se escapou a tudo, foi mesmo pela estrada com um carro que nunca fora seu. Na mala não levava sonhos, não tinha mais do que duas sandes de queijo e uma lata de um sumo que nunca bebera e a marca era igual a tantas outras.
A roupa era aquela que tinha no corpo e nunca teve outra se não essa. Isto não é uma história triste embora a precária posse material deste pequeno rapaz fizesse antever o contrário.

O carro precisava de ser atestado porque as próximas bombas, nesta terra distante e aos anos que já foi, não estavam a menos do que três depósitos cheios. Atestou o que tinha que atestar, pois nem bidons possuía, mas foi confiante pondo sempre tudo nas mãos de quem governa. Partiu sem saber que vento o guiava. Pareceram minutos as horas que passaram até o motor se queixar dos restos de porcaria do fundo da sua amálgama. Já naquela altura o petróleo fazia das suas e nenhum motor, mesmo nos tempos que correm, se atreve a trabalhar sem alguma recompensa.
A metade da sandes que lhe restara e o saco de plástico que à pouco juntava a sua semelhante e o dito sumo, foram a sua única companhia na caminhada que se adivinhava curta pela pouca paciência que sempre teve para por um pé à frente do outro. Parou, como se previa, nem 300 passos tinha dado. Sentou-se no primeiro pedregulho que lhe pareceu mais confortável. Não pôs as mãos à cabeça, antes pousou o queixo nelas e meditou.
Tudo se tornara claro e voltou para trás sabendo que a busca nunca esteve distante.

Esta é história do Rafael, uma pequena história mas tão relevante para este rapaz.

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

É desta!

É verdade, chegou ao fim e será para todos nós um grande alívio. Este Blogue começou em Angola, pelo facto de estar longe da minha terra e pela necessidade de exprimir o que me ia na alma. Já se passaram 4 anos, nunca eu pensei que estaria cá tanto tempo, e para mim, não faz mais sentido continuar. Tudo o que começa a ser forçado é o primeiro indício de que tem que acabar. E acaba. Só me resta agradecer a todos os que gostaram de aqui estar, e agredeço também aos que não gostaram - Como na morte, a despedida deve ser sempre camuflada pelo sentimento nobre. Obrigado a todos e encontramo-nos por aí!

Sexta-feira 13

É engraçado constatar que a maioria das pessoas não é supersticiosa: “Eu não acredito nada nessas coisas” Hoje é sexta-feira 13 e foram poucas as pessoas, emigradas em Angola, que arriscaram marcar a viagem para ir de férias neste dia. Por curiosidade, ontem fiz Check in de um colega corajoso que ia viajar precisamente hoje. Todas as filas já estavam praticamente ocupadas, menos a fila 13 ! Realmente era demasiado macabro ir numa sexta-feira 13 e ainda por cima ter a coragem de marcar a viagem na fila 13. Nem uma unica pessoa tinha marcado lugar nesta fila. Como se desse azar. Tem toda a lógica. Todas as outras filas vão viajar tranquilamente, mas a 13 não vai ter descanso. Eu sinceramente também não acredito nessas coisas. Ser ou não ser sexta-feira 13 é-me completamente indiferente. Dá-me é azar, mas de resto…

OLÉ