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TALVEZ SER UM BOCADINHO MAIS


Não é fácil não ser um merdas. Admitamos isso. A vida dá-nos um caminho onde há curvas desastrosas. Dá-nos escolhas que parecem simples. As escolhas! São elas as culpadas e dão-nos uma chapada de pura consequência: Queres uma casa? Um carro? Com certeza, para isso somentente é preciso trabalhares a vida toda. Ahhh… espera! Queres um filho? Talvez dois para fazer um casalinho? Então a vida toda não te vai chegar.
E não chega. Por isso o grande projecto das nossas vidas somos nós. Não vale a pena descartarmos essa responsabilidade para ninguém e muito menos para os filhos. Viver para os filhos não é aconselhável para ambas as partes. O exemplo dos meus Pais é bem demonstrador do desgosto que poderá advir de por nas mãos dos filhos a nossa existência - O resultado foi catastrófico para dois dos três filhos que tiveram. Defendê-los-emos até que a força nos seja extinta. Até aqui estamos de acordo. Agora a nossa vida é a nossa vida. É única e voraz. Tem que ser deliciosa no mesmo ponto que irá ser trágica e camuflada de aparências. Iremos do oito ao oitenta e tenhamos na mente que passaremos por muitos desgostos e com sorte por enormes alegrias. Tudo faz parte e não existem segredos ou livros reveladores. Minto, há um livro com o titulo “Onde está a felicidade?” de Camilo Castelo Branco, que após uma boa centena de páginas chega à brilhante conclusão de que «a felicidade está debaixo de uma tábua onde se encontra 250 contos de reis.» Fora este livro não há assim grandes escrituras, palestras, dizeres, rabiscos ou erros otográficos que ensine a viver a vida de cada um. Talvez porque cada uma é única. Talvez porque os outros não são mais nem menos do que nós, e por isso os conselhos da vida alheia servirá tanto como dizer a um camelo que a água é a fonte da vida. Ele melhor que ninguém saberá disso. Mesmo assim o sábio conselho “ vive a vida” acaba por ser dos mais sensatos. Porque estando vivo não vejo grande alternativa. Quando eu era criança tinha a triste brincadeira de fingir-me de morto e nunca ganhei muito com isso. Desde pequenino, e nos intervalos desta brincadeira, do morto, fui percebendo que é preciso fazer qualquer coisa. Mexer-me um bocadinho mais. Talvez falar um bocadinho menos. Ter menos coisas. Mostrar cada vez menos. Ter menos e talvez, arriscaria, ser um bocadinho mais.

TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!