Poderia escrever com alegria, com a alegria de uma criança num baloiço qualquer, ou de um pássaro que é solto de uma gaiola de vaidades. Poderia escrever como se fosse tarde para tudo e, mesmo assim, quisesse desalmadamente encontrar. Poderia escrever para que ficasse bem, para que fosse bonito, para te agradar. Poderia mas não o consigo porque me quero afundar. Afundar na tristeza que teimo em disfarçar, afundar na angústia que enxoto sem o conseguir. Tudo em mim é negro e sem energia. Tudo em mim nasce sem alegria. Correria o mundo e mesmo assim não encontraria. Dizem que tudo é entusiasmo, eu cá digo o que bem entender e mesmo assim não o devem crer. Nunca digam que “alguém disse” como se fossem vocês a dizer. Escutem o que vos vai na alma, parem e sintam o que ela vos quer gritar. Não disfarcem, não iludam, não fujam nem queiram conter: Tudo será jorrado com grande estrondo. Tudo parecerá uma dor sem fim. Tudo será tudo quando mudo e em silêncio conseguires ouvir “ Eu digo, porque não ouvi dizer”
Eva dos Anões
Eva dos Anões
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