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VAMOS TODOS FICAR BEM?

Uma forma bonita de elogiar um gago é dizer que "tem dificuldade em se despedir das palavras". Eu tenho dificuldade, não diria em me despedir, mas de aceitar algumas frases de motivação que por estas alturas abundam em todo o lado. "Vamos todos ficar bem!" e depois ao lado um arco-íris pintado, de preferência para criar mais impacto, pelo próprio filho. Mas que merda de frase é esta? Mas desde quando, mesmo sem esta pandemia, vão todos ficar bem? Eu, quando está tudo supostamente perfeito, muitas das vezes não estou bem. Sabem o significado da palavra "todos"? Claro que não vamos todos ficar bem. Posso estar aqui a cometer alguma inconfidência, mas vai morrer mais gente. Isso é certo. E há famílias desesperadas em todo o mundo e claro que os mais pobres serão sempre os mais desfavorecidos. Em Angola, que é um País que ainda acompanho de perto, pedem para a população ficar em casa. Já foram ao Cazenga ou ao Sabinzanga? Em princípio não, mas para vos tentar explicar imaginem cerca de três milhões de pessoas a viverem num bairro onde seria impossível viverem mais de um milhão. Sem água, luz, saneamento básico e em casas com telhados de chapa de zinco, onde no pico do calor diria que não estará menos de 35 graus dentro daqueles mini forninhos. Não contando que cada casa, em média, terá seis a sete pessoas a viver na mesma. Mas eu faço questão de dois em dois dias passear naquelas ruas e com um megafone gritar ao povo as sabias palavras de que "vamos todos ficar bem!". Coitados, com a esperança renovada com este meu gesto até se lhe brilham os olhos.
Outra coisa que me irrita profundamente é quando eu me mostro preocupado/nervoso com esta situação em que, com toda a certeza, nenhum de nós passou por coisa semelhante e me dizem para ter calma: "Tem calma, que isto vai passar!" Olha que caralho, em princípio sim, eu quero acreditar que vai passar. Mas quando passar certamente estaremos todos mais calmos. Imaginem os soldados, na primeira guerra mundial, no meio do mato em pleno combate e se erguer um sábio de uma trincheira a dizer" tenham calma que isto vai passar!" a seguir, e se fosse eu o guionista cairia-lhe uma Granada nos pés que o desfazia ao meio. E do outro lado, e para dar alguma credibilidade à cena, alguém diria "estás a ver, ele tinha razão! "

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