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BOA SORTE NUMA ALTURA MÁ

"Há sombras tenebrosas na terra, mas as suas luzes são mais fortes por contraste." Começo com esta frase inspiradora, porque parece que é comum entre os supostos optimistas como que a mostrarem ao mundo que não temem nada nem ninguém, para mostrar que na minha algibeira também tenho uns trunfos para quando o medo chegar. E ele chegou. Agora não é tempo de o enfrentar, mas sim de ter algum respeito por ele.
«Fechem tudo!» dizem uns. «É preciso ter bom-senso» contrapõem outros. Eu, sinceramente não faço a mínima ideia. Não estudei para isso e a escolaridade que eu tenho não me permitiu ir mais além do que a construção civil. Se me quiserem perguntar se numa parede dupla de alvenaria a parede mais espessa deve ficar no exterior ou interior, ainda sou capaz de ter bons argumentos quer para uma situação, quer para outra. Em relação ao Covid-19, não faço a mínima ideia. Por algum motivo a partir do 10º ano de escolaridade os alunos têm que escolher uma área que se identifiquem e que sejam relativamente capazes de se formarem. Depois a partir daí uma pequena percentagem passa anos a fio a estudar medicina, ciência, química e o diabo a quatro. Se calhar, por isso, seria bom dar crédito a esta gente.
Com alguma tristeza tenho perdido amigos mesmo sem eles o saberem. Não consigo conceber uma amizade quando alguém bate no peito e diz que nunca apanha uma gripe no inverno. Assim como não consigo partilhar uma mesa, seja ela qual for, com um sujeito que com um ar feliz nos afirma que tem 35 anos e por isso não está no escalão de risco. Todos imaginamos que vai piorar bastante antes de melhorar. Todos acreditamos que sairemos desta crise com a noção de que uma simples ida à rua vale mais do que alguma vez imaginámos. Olharemos certamente para uma nação de rastos, mais pobre, mas com a sua essência mais apurada e solidificada do que nunca. Protejam-se e boa sorte a todos.

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TEXTOS QUE ME ENTRISTECEM

Prós e Contras

Todos sabemos que temos que andar com as calças folgadinhas caso seja preciso arregaçar à pressa. Ninguém tem dúvidas disso. O último programa “Prós e Contras” gravado em Angola foi um exemplo, diria escandaloso, disso mesmo. Foi degradante para a história da nossa nação as figuras que tivemos que fazer. Pelo menos eu, ainda tenho orgulho de dizer que sou Português e não queria de maneira nenhuma deixar de o ter. O jornalista Rosa Mendes que tentou mostrar a vergonha de uma nação, tornou o caso mais vergonhoso ainda por ESTE motivo! Mas nada como histórias pessoais, também elas vergonhosas, para apaziguar a alma dos inconformados - Já me tinha acontecido, tentar salvar alguém de morrer afogado. A primeira vez e única, até este fim-de-semana que passou, foi no Gerês quando a dois metros da margem do rio o meu amigo de alcunha “Salmão”(de certeza que não foi pelos dotes de nadador que lhe puseram a alcunha, porque estes meninos nadam contra a corrente como ninguém) começa a esbracejar ...

SER DIFERENTE CUSTA E NÃO É POR TER A MANIA

Saber não fazer nada é cada vez mais uma arte - já falei sobre isto – e nos dias que correm, porque o tempo não pára, faz-me cada vez mais sentido. Numa sociedade que nos suga e nos impinge objectivos, os meus, os objectivos, são cada vez menos. Não tenho grandes metas, mas tenho uma grande meta: Ter a possibilidade de não ter nada para fazer. E isto, meus amigos, não se alcança do pé para a mão. Poder não fazer nada é cada vez mais uma bênção que poucos podem alcançar. A rapidez dos dias de hoje sega-nos. Será propositado? Talvez, mas o facto de não nos darem tempo para fixarmo-nos num ponto, para podermos observar com calma, torna tudo numa montanha linda e apejada de lixo. Por isso, como poderemos acalmar e abrandar a azafama da nossa vida, do nosso ninho familiar? Lá fora podem andar todos a mil à hora, numa tormenta de carneiros. Será que conseguimos escapar deste trilho? Sim, podemos. Como? Comprando o tempo. Só com dinheiro do nosso lado poderemos dizer que “não” a muita ...

Mulheres

Os homens não se medem aos palmos, já as mulheres ninguém tem ideia de como é que se podem medir. Todos sabemos as enormes habilidades que têm para encontrar uma boa discussão num pacote que ficou meio aberto, ou uma gaveta que ficou mal fechada. Temos essa noção e lutamos constantemente por uma perfeição completamente utópica. Pela história da humanidade comprova-se que muitos desistiram a meio. Mas só para ganhar fôlego, voltaram sempre a tentar, são poucos aqueles que não meteram, de novo, a cabeça no cepo. Continuaremos sempre a insistir e há heróis que conseguem uma vida inteirinha partilhada com o furacão feminino. São raros os casos em que assumem uma vida sem justificações - fazer exactamente aquilo que lhes apetece, chamada uma vida livre, uma vida de sonho. A pergunta parece ser simples “porquê?” Será que existe uma resposta coerente? Uma das justificações pode ser o facto de o ser humano ter um instinto masoquista. Mas penso que o caminho não será por aí. Todos sabem...

A senhora que corria!

Corria a Senhora, e diga-se, com uma pressa como nunca a vi, quando uma das botas lhe salta. Voltará atrás? Será a pressa tão importante para mesmo assim continuar sem se preocupar com mais nada? … a senhora voltou mesmo atrás! Sentou-se no banco do jardim mais próximo e, com uma calma inesperada, descalça a outra bota e de dentro da mala puxa de um caixa que continha uvas podres! Indignada joga tudo para o lixo e volta a correr desalmadamente … Não viu que atravessara uma estrada muito movimentada. Foi tolhida por um camião! Pobre coitada. Todos lhe juravam um futuro risonho!