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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2017

AQUI HÁ IMENSO LIXO (NÃO ENTREM)

É verdade que não mudo a vida de ninguém com textos inspiradores. Nunca na vida alguém sairá daqui mais culto, informado, ou com o sentido da vida mais apurado. O ntem, inesperadamente, bateram-me nas costas e disseram “É pá, sim Senhor… li aquele teu texto sobre a morte e fartei-me de rir!”. Confesso que me senti como se fosse uma garbosa figura pública e instintivamente procurei a minha caneta para assinar qualquer papelinho e agradecer o suposto elogio. Claro que rapidamente me passou este massajar do ego, mas é de facto um privilégio e uma honra continuar a escrever e descobrir que pessoas, que nunca na vida imaginaria que poderiam vir a este espaço, o fazem regularmente e ainda por cima com prazer. Porém, o elogio vir de alguém que se ri de um texto sobre a nossa própria finitude poderá, na maior parte das vezes, não ser a melhor forma de partilhar o seu apreço. Neste caso, e para mim, foi ainda mais saboroso. Como sabemos tudo na vida só faz sentido com partilha, por mui

NO FUTEBOL HÁ MUITA GENTE QUE BATEU COM A CABEÇA

Eu, cada vez que vejo um aglomerado de gente a cantar coisas idênticas fico contente que as pessoas, por iniciativa própria, se reúnam e cantem em coro “Somos idiotas e estamos aqui!” Q uando se bate com a cabeça com alguma força é complicado. Deixa marcas profundas e por vezes para toda a vida. Tenho encontrado gente dessa. Precisamos ter coragem para conviver e ajudar caso seja necessário. Se prestarem atenção pouco falo de futebol mesmo por causa disso - existe muita gente que bateu com a cabeça. Não precisam de mais gente dessa. Mas torna-se inevitável não dar a minha opinião sobre uns cânticos que andam a ofender muita gente que bateu com a cabeça. Parece que um deles fala sobre a queda de um avião e outro sobre very-light. Eu, cada vez que vejo um aglomerado de gente a cantar coisas idênticas fico contente que as pessoas, por iniciativa própria, se reúnam e cantem em coro “Somos idiotas e estamos aqui!”. Poupam-nos de imenso trabalho. A identificação voluntária de estupide

DEIXA-O-RESTO

Há um dos patos que passa o dia todo a afugentar o outro macho e, segundo a Tia, esquece-se por completo de fazer companhia às patas F omos visitar a Tia Sidónia. A visita costuma ser esporádica pela distância que nos separa: A Sidónia vive em Deixa-o-resto e nós em Lisboa. A Tia tem 84 anos e como sempre, se estivermos atentos e com disponibilidade, tem muito a nos ensinar. Falámos de temas que não são correntes no dia-a-dia porque não se encontra esta sabedoria ao virar da esquina. Começou por nos oferecer laranjas. Aceitámos de imediato e rapidamente me disse onde estava o escadote. Para os mais distraídos, como eu, poderíamos pensar que nos indicaria onde estava, à nossa espera, um saco de asas a um qualquer canto da cozinha, ou mesmo lá fora junto à porta da entrada. O escadote, ao invés do saco de plástico, dava-nos a possibilidade de escolher as melhores laranjas das diversas árvores que estavam plantadas ao longo do quintal. Enquanto me empoleirava na primeira ár

A HISTÓRIA DO PEDRO

Quem quer sentir o que é a eternidade basta perguntar ao Pedro como é que foi o seu fim-de-semana O Pedro estava a contar uma história. Uma das muitas que conta. As histórias do Pedro, conheço-as eu bem, são intermináveis. Ele para dizer, por exemplo, que encontrou determinada pessoa ao sair do restaurante a seguir ao jantar, começa por contar como acordou sobressaltado com um sonho que teve. Relata todo o seu dia, com pormenores massudos e exaustos, levando qualquer um ao desespero. Esta história que ele contava era como tantas outras mas com uma agravante: Tínhamos uma pessoa nova no grupo que para ser simpática prestava toda a atenção e ainda por cima ia fazendo perguntas. Eu sempre disse que quem quer sentir o que é a eternidade basta perguntar ao Pedro como é que foi o seu fim-de-semana. A Elisa rapidamente foi mudando o semblante quando o resto do grupo já conversava entre si e a deixava à mercê do ávido Pedro, que passados 15 minutos ainda nem sequer desvendara o q