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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2017

“Eu sou feliz com pouco dinheiro”

“Eu sou feliz com pouco dinheiro.” Se alguém disser isto ao pé de vocês, afastem-se desta pessoa. É gente que não é de confiança. Malta que é capaz de abandonar os cães no meio da auto-estrada. Ser “rico em sonhos e pobre em ouro” é bonito no pequeno ecrã. A ausência de dinheiro não traz felicidade e insistir no contrário é parvoíce. É a mesma coisa que ficar feliz por comer sempre arroz com feijão ou não ter, sequer, o que comer - “A comida não traz felicidade!” – Poderíamos também dizer isto orgulhosamente, mas cheios de fome, para todos aqueles que se refastelam com pratos abastados de comida. Diria que não poder ter uma determinada coisa, em geral, é mau. Mas nem sempre é verdade: no ano passado um amigo meu pulou de alegria quando soube que estávamos a organizar uma viagem de férias e ele não poderia ir porque não tinha dinheiro. Ficamos, também nós, felizes. Não só por ir, mas porque sabíamos que ele iria ficar bem. Na verdade há imensa coisa para fazer em Lisboa e poderia a

Momentos poéticos - Rui Barreiros

Vamos ter neste espaço o privilégio de ter um poeta com um livro publicado e que se prepara para publicar outro. Rui Barreiros é filho do pintor, músico José Raimundo. Uma pessoa simples, tão simples que acedeu ao convite de nos presentear com alguns dos seus poemas. Tentaremos que ele aceda à difícil missão de, periodicamente, nos dar a esse luxo. Um muito obrigado Rui Barreiros e espero que todos apreciem o teu enorme talento: http://pesquisa.fnac.pt/ia485666/Rui-Barreiros AINDA NÃO VI...(AINDA NÃO DESCOBRI) Quando me ocluso E ofusco a luz direta A luz que brilha, que eu não mereço Estremeço, e abraço o celibato A exclusão inerte O amor das outras, secas Quando percorro a vida Nela desmonto a forca A corda roída das fêmeas Prefiro o Apocalipse meu Ao sigilo grotesco das catacumbas Descomprometido da fenda Da oferenda, às Rainhas Nas linhas mórbidas do destino Quando acordo só Em noites frias, despidas Sou um coruja, um morcego O medo em promoção Em sal

NÃO SÃO APENAS TROCOS

Nunca fui enganado por uma máquina de por moedas mas, ainda assim, confiro sempre o troco. Diria que estou habituado a que tudo o que envolva dinheiro se transforme e distorça de uma forma surpreendente. Mas deve ser uma mania minha, não quero estar aqui a levantar falsos testemunhos ou a influenciar alguém. Simplesmente não confio – seja no que for ou em quem for. Por exemplo, se a minha mãe me pedir um euro para ir beber um café, quando me devolve o troco eu, inevitavelmente, confiro. E neste caso, como a minha mãe não é uma máquina, de vez em quando engana-se: “Oh mãe falta aqui 20 cêntimos!” Normalmente as moedas em questão caem, sem querer diz ela, para o fundo da mala. Ainda por cima, a minha Mãe, é Senhora para andar sempre com malas grandes. Eu só posso imaginar as histórias que os recantos daquelas malas têm para contar. Somando tudo, se ela não gastasse o dinheiro em porcarias, poderia, imagino eu, ter umas férias todos os anos em cada canto do planeta. Mas, justiça se

QUE A MORTE SEJA GENEROSA E BONDOSA PARA COM TODOS

Para se conseguir morrer acreditem que não precisamos de ter experiência nenhuma. Diria que não necessitamos de praticar nada durante a vida. Ao contrário de muitas outras actividades que necessitam de prática e experiência para que as consigamos alcançar, a morte dá-nos essa benesse. Alcançar a morte é facílimo e qualquer leigo está apto para o conseguir. Não há truques ou dicas. A morte chega e não temos sequer o direito de a não aceitar - morre-se e pronto. Morrer poderia ser bom para os que acreditam que “vamos desta para melhor”. Para os que não sentem esse chamamento a conclusão é, mais ou menos, idêntica - com a pequena diferença que durante o percurso, para além de ser um pouco mais penoso, temos esse bichinho atrás da orelha a sussusar “qual é o sentido de tudo isto?” Sentidos poderemos arranjar muitos, mas dificilmente se arranja um argumento que nos convença e que nos diga: Sim senhor, foste um homem bondoso, honesto e até mesmo impecável durante a vida mas agora vais